Publicação em destaque

Olhando Para Dentro (notas)

Olhando Para Dentro 1930-1960 (Bruno Cardoso Reis) (Em História Política Contemporânea, Portugal 1808-2000, Maphre - nota...

Pesquisar neste blogue

sábado, 7 de março de 2020

Nós os Portugueses (Maria Filomena Mónica)


Nós os portugueses (27 de Agosto de 2006)

   “…Outra forma ainda mais idiossincrática, de se olhar o país, consiste em relembrar as frases que os seus filhos mais ilustres proferiram, alguns no leito de morte.  Antes de expirar, a 11 de Maio de 1858, eis o que o grande cético Rodrigo da Fonseca terá dito: “nascer entre brutos, viver entre brutos e morrer entre brutos é triste” Poucos anos mais tarde, Alexandre Herculano, o intelectual do regime, proclamava do alto da sua cátedra rural: “Isto (o país) dá vontade de a gente morrer”, o que faria, com reconhecido êxito, em 13 de Setembro de 1877. Mas não eram apenas os políticos e os intelectuais que se compraziam em denegrir o país. Após uma ida a Alcobaça em 1852, o futuro rei D. Pedro V anotava, com desagrado, a forma como a família real ali havia sido recebida: “era quase impossível romper por entre as turbas que rompiam em aclamações, ao som das músicas e ao ruído insuportável dos clássicos foguetes, sem os quais não pode haver regozijo público em Portugal”. Mais próximo de nós, Salazar olhava a população que a providência o encarregara de disciplinar com mal disfarçado desgosto. Entre os intelectuais e as massas existiu sempre um abismo.”…/

/…Tal como sucede no caso de uma pessoa, a memória de uma nação é a base da sua identidade. É por isso que considero que, sem uma historiografia rica, viva e polémica, o debate sobre as características nacionais é uma imbecilidade.”

 
Maria Filomena Mónica


Peniche, 22 de Fevereiro de 2020
António Barreto

Sem comentários:

Enviar um comentário