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domingo, 7 de junho de 2020

Olhando Para Dentro (notas)


Olhando Para Dentro

1930-1960

(Bruno Cardoso Reis)

(Em História Política Contemporânea, Portugal 1808-2000, Maphre - notas)

 

Do efeito das ameaças externas (nem de propósito):

- “…O poder salazarista foi tanto mais sólido quanto maior foi a ameaça externa que legitimou o seu nacionalismo autoritário. Assim, os períodos de máxima consolidação do salazarismo ocorreram durante a Guerra Civil de Espanha, a Segunda Guerra Mundial e o auge da Guerra Fria, tendo enfrentado crises sérias de permeio.”

Acerca das elites políticas e do direito de voto das mulheres:

-“A política continua a ser um jogo de elites educadas num país de analfabetos. Neste grupo de politicamente inativos teremos que incluir a esmagadora maioria das mulheres, pois apesar do Estado Novo lhes reconhecer pela primeira vez na história portuguesa o voto em 1934, esse direito é concedido apenas a um número limitado de mulheres educadas ou viúvas”.

A crise da fundação (1930-1936):

-“A oposição a Salazar era, nesta época, geralmente apelidada de “Reviralho”. O que parecia prevalecer era, ainda, como o nome indica, não tanto a oposição a um Estado Novo em construção, mas sobretudo a ideia de um regresso ao regime anterior ao de 1926. A designação de “Reviralho” tem, no entanto, algo de enganadora. O Regresso ao sistema político da primeira República estava longe de ser consensual entre os opositores a Salazar. Esta falta de consenso sobre o que fazer depois de o afastar foi, aliás, um dos problemas na construção de uma oposição eficaz. Os diferentes grupos que se opunham ao Estado Novo nascente temiam ser instrumentalizados ao serviço de outro programa político, e isso dificultou a plena mobilização dos opositores a Salazar em qualquer um dos golpes que foram sendo organizados”.

As revoltas contra Salazar, “o antifascista”:

- A “Revolta da Madeira”, ilha onde teve alguma adesão popular, ocorreu em 1931 e estendeu-se aos Açores e à Guiné. Um corpo expedicionário derrotou os revoltosos, devido à falta de coordenação destes com a revolta armada que se verificou em Lisboa em Agosto do mesmo ano, consequência da falta de entendimento entre as várias fações da oposição.

- A “Revolta da Marinha Grande” verificou-se em Janeiro de 1934 na forma de uma greve geral revolucionária por ação dos sindicatos, anarquistas (CGT), comunistas (Comissão Intersindical), socialistas (FAO), e outros (COSA), tendo alguma expressão em Silves, Almada e na Marinha Grande onde, por uma breve hora a revolta operária parecia ter triunfado.

- A “Revolta de Mendes Norton” ocorreu em Setembro de 1935 e tinha como estratégia a união de todas as correntes antissalazaristas, desde a extrema-direita do próprio Mendes Norton - numa reação à proibição deste movimento fascista e exílio do seu líder por Salazar - até elementos da extrema-esquerda comunista. Este caso demonstra o efetivo antifascismo de Salazar e, por outro lado, a falta de escrúpulos da extrema-esquerda comunista em se aliar aos fascistas que dizia combater.

- A “Revolta dos Marinheiros” sucedeu em Setembro de 1936, foi organizada pela Organização Revolucionária da Armada (ORA) constituída por células clandestinas comunistas na Marinha de Guerra. Este episódio revelou a crescente influência do Partido Comunista (PCP) na oposição a Salazar, consolidada após o decorrente falhanço, e, por outro lado, a importância da Guerra Civil de Espanha. O plano dos revoltosos era o de colocarem os seus navios ao serviço dos Republicanos espanhóis considerando que a vitória destes iria precipitar o derrube de Salazar. Curiosamente, o rescaldo deste evento, afirmou o PCP como principal partido da oposição e reforçou o poder de Salazar, que enfrentara dois inimigos externos; o de Espanha e o comunismo (uma fórmula historicamente funcional).
 

 
Peniche, 06 de Junho de 2020
António Barreto

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