Publicação em destaque

Olhando Para Dentro (notas)

Olhando Para Dentro 1930-1960 (Bruno Cardoso Reis) (Em História Política Contemporânea, Portugal 1808-2000, Maphre - nota...

Pesquisar neste blogue

domingo, 22 de dezembro de 2019

Heróis do “velho” Portugal; A Lancha Vega


Heróis do “velho” Portugal

  
Ao assistir à bajulação persistente e humilhante do atual primeiro-ministro de Portugal, de origem goesa, às autoridades da União Indiana, Estado inexistente à data da fundação do Estado Português da Índia, veio-me à memória o episódio ocorrido na lancha Veja quando resistia heroicamente à invasão - ilegal e contra a vontade popular - de Diu:

   “O Senhor comandante dirigiu-se à Câmara e fardou-se de branco, dizendo que assim morreria com mais honra. - Rapazes, sei que vocês vão cumprir assim como eu e que mais vós quereis! Acabarmos numa batalha aeronaval. Fazemos parte da defesa de Diu e da Pátria e vamos cumprir até ao último homem e última bala se possível.

   - Algumas despedidas se fizeram e até as fotografias dos entes queridos foram beijadas e guardadas nos bolsos dos calções”

    Do relatório da guarnição da lancha Veja, sobre a atuação do respetivo comandante, segundo tenente Oliveira e Carmo, morto heroicamente nas águas de Diu, a 18 de Dezembro de 1961, referido no livro de João José Brandão Ferreira “Em Nome da Pátria”.

Peniche, 22 de Dezembro de 2019
António Barreto

sábado, 21 de dezembro de 2019

A Morte de Amílcar Cabral



A Morte de Amílcar Cabral

 
Ouvi há dias, num debate na rádio em que participava Jaime Nogueira Pinto, um dos participantes, que não identifiquei, referir que Amílcar Cabral teria sido assassinado pela PIDE. Esta afirmação, apesar de falsa, vai-se consolidando junto do incauto cidadão comum, crente na honestidade dos alegados progressistas que a propagam com o intuito de denegrir o Antigo Regime, atribuindo-lhe atos vis, e com isso prevenir eventuais recidivas políticas.
   No seu livro “Em Nome da Pátria” João José Brandão Ferreira explica as circunstâncias do assassinato de Amílcar Cabral e identifica os seus autores (pág.. 469 e 470).
   Amílcar Cabral foi morto em 20 de Janeiro de 1973 pelo guerrilheiro do PAIGC Inocêncio Kani, ao reagir à tentativa de detenção no Quartel-general daquele grupo armado na Guiné Conakri. Cabral, sua mulher Ana Maria, Aristides Pereira acompanhados por um jornalista russo, foram surpreendidos no regresso de uma receção a que tinham assistido na embaixada da Suécia em Conakri, tendo, por essa razão, faltado à conferência de Samora Machel em Bokê. Aristides Pereira foi, previamente, preso e metido numa embarcação pelo mesmo Inocêncio Kani, acompanhado dos, também guerrilheiros, Mamadú Touré e Aristides Barbosa. Ana Maria, de imediato, avisou as autoridades guineenses e os restantes dirigentes do PAIGC que se encarregaram de mandar fuzilar os três guerrilheiros envolvidos.
   Diga-se porém, que um dos objetivos da operação “Mar Verde”, planeada e chefiada por Alpoim Galvão em 22 de Novembro de 1970, consistia na prisão ou morte de Amílcar Cabral - fracassada por não se encontrar onde era esperado. Por outro lado, num contexto de guerra declarada, é legítimo a qualquer das partes matar o opositor.
  Cabral, ex-funcionário público na Guiné Bissau, era um moderado, cuja morte não foi benéfica para os interesses portugueses - militares e políticos. Opôs-se à utilização, pela guerrilha, dos mísseis SAM 7, por considerar prejudicial aos interesses do partido a escalada bélica daí resultante e por estar convencido de que as forças portuguesas sairiam em vantagem. Amílcar Cabral declarou publicamente em vários fóruns, considerar esvaziada a justificação da luta armada pela independência, num contexto de plena integração de cada parcela do território português, onde a igualdade de direitos fosse total e universal.
   Dois meses após o assassinato de Amílcar Cabral, a 20 de Março de 1973 foi disparado o primeiro míssil. A morte do líder foi uma das razões invocadas pelo PAIGC para a intensificação do esforço de guerra, numa tentativa de moralização das suas tropas. Seguiram-se os ataques continuados aos aquartelamentos de Guilege - a sul - e de Guidage - a norte -, com flagelação continuada de artilharia - os guerrilheiros furtavam-se ao combate de proximidade. O comandante da guarnição de Guilege, major Alexandre Coutinho Lima, em consequência do ataque, ordenou a retirada, da guarnição e da população, sem autorização superior, em 19 de Maio de 1973, facto que o levaria à prisão e julgamento em Tribunal militar, por ordem do general Spínola.
   Em Guidage, as tropas portugueses resistiram graças ao reforço de uma companhia de para-quedistas. A retaliação surgiu de imediato, em 19 de Maio do mesmo ano, com a destruição da grande base do PAIGC em Comumbori, no Senegal.
   A declaração de independência do PAIGC, a 24 de Setembro de 1973 em Madina do Boé, zona despovoada do leste, abandonada pelo exército português por ser desprovida de interesse militar, não passou de manobra de propaganda política. Na ONU, controlada desde 1961 por países afro-asiáticos de matriz socialista, o “Estado Fantasma” acabou reconhecido por cerca de 60 países.
   Há quem diga que foi aqui que começou o 25 de Abril, porém parece-me que tal ocorreu com a subida de Marcelo Caetano ao poder.
Peniche, 21 de Dezembro de 1979
 
António Barreto

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Um tal Portugal

 
Partida para Ceuta
 
"Em todas as partes do mundo por onde andei, ao ver uma ponte perguntei quem a tinha feito, respondiam; os portugueses; ao ver uma estrada fazia a mesma pergunta e respondiam; portugueses, Ao ver uma igreja ou uma fortaleza, sempre a mesma resposta; portugueses, portugueses, portugueses. Desejava pois que da nação francesa em Marrocos daqui a séculos seja possível dizer o mesmo."

Marechal Lyautey citado por Hélio Felgas, Estudos Ultramarinos, 25º caderno, página 21, Academia Militar, Lisboa, 1967.

Em: "Em Nome da Pátria" de João José Brandão Ferreira (Oficina do Livro).

Peniche 16 de Dezembro de 2019
António Barreto

domingo, 15 de dezembro de 2019

Migrações africanas


  
Manuel S. Fonseca, notável editor nacional - Guerra e Paz -, e profundo conhecedor da realidade africana, na sua coluna "Bica Curta" do Correio da Manhã de 12.12. colocou o dedo na ferida das migrações afro-asiáticas:

"......A África sufoca por dentro. Eis o que alimenta as migrações: a destruição das economias africanas por alguns dos seus lideres, recriando até a escravatura. Pesado fardo para o homem negro."
 
   Perante o fracasso das políticas de autodeterminação e independência e consequente descolonização patrocinada pela ONU - também OUA, URSS, EUA, RU e outros -, esta, em vez de o reconhecer e "atacar" o mal na sua raiz, promovendo, incentivando, programas de cooperação e desenvolvimento entre os países afro-asiáticos e ocidentais, implementando ações de sensibilização para a democracia e transparência, denunciando os lideres africanos corruptos e o racismo negro, prefere aceitar a ideologia da "negritude"  promover a emigração maciça para os países europeus e privar os países de origem dos seus melhores ativos.
 
   Tal implicaria reconhecer a sua responsabilidade direta nesta crise migratória e todo o cortejo de miséria e tragédia., algo incompatível com a aura de superioridade moral que hipocritamente ostentam.
 
   Por outro lado, se tivermos em conta a influência dos países afro-asiáticos, de matriz socialista, na ONU e o velho projeto da URSS de desmembramento da Europa a partir de África através da emigração maciça, podemos considerar estarmos perante a segunda fase desse projeto, que inclui o genocídio em curso dos brancos no Zimbabué e África do Sul, concluída que foi a descolonização.
 
   Por cá, os hipócritas, que insistem na "denúncia" da indústria esclavagista de há 600 anos associando-a aos descobrimentos portugueses, ignoram as práticas antecedentes e preferem fechar os olhos à escravatura atual em África, demonstrando que não é a humilhação do ser humano que os mobiliza mas apenas desconstruir o identidade de uma nação, Portugal.
 
   A retórica da defesa dos povos, afinal, surge, apenas, como veículo de acesso ao poder das novas elites.
 
   O poder, é o princípio e o fim da ação política.
 
Gustave Courbet, The Wave, 1870
 
Peniche, 15 de Dezembro de 2019
 
António Barreto