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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Com cravos e bolos…


Com cravos e bolos…

“O General Spínola encontrava-se num estado de grande depressão. Chegara ao ponto de chorar abertamente numa das audiências. Sentia-se que estava submetido às maiores pressões contra as quais mal podia reagir. Desabafara afirmando que estava “rodeado por covardes e traidores”.

   Contou toda a história das negociações, afirmando que nunca transigiria com o que lhe queriam impor. Os próprios ministros Mário Soares e Almeida Santos, que os emissários viram sem lhes falar, pareciam acabrunhados.

   Quando se mencionou o nome do Maj. Melo Antunes, o Gen. Spínola não se conteve gritando que “esse é um comunista, não tenho já dúvidas a tal respeito”.

   Referiram a possibilidade de ele ser nomeado para Moçambique (como os jornais haviam largamente noticiado) e o Presidente da República acrescentou; “Se isso acontecer há que abatê-lo. Têm três dias para lhe darem um tiro na cabeça.”

Penso que a ninguém ocorreu objetar que seria mais simples não chegar a nomeá-lo, uma vez que essa prerrogativa pertencia ao Chefe de Estado.

   Ainda mais simples teria sido prendê-lo em vez de oficiais considerados patriotas (como o Tem. Cor. Alexandre Lousada, o Com. Almeida e Costa e o Maj. Casanova Ferreira) aceitarem fazer parte do séquito de um “comunista” na sua triunfalista deslocação a Lusaka.”

“Moçambique Terra Queimada”, Jorge Jardim, Intervenção.

Peniche 03 de Janeiro de 2020
António Barreto

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