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domingo, 25 de junho de 2017

Os evangelhos Apócrifos (IV) (France Quéré, editorial Estampa)


Evangelhos da Paixão

Evangelho de Pedro

Deposição de Cristo, 1525, Correggio)

   Texto descoberto no Alto Egipto em Akemim em 1886, no túmulo de um monge, de origem síria e datado do ano 130. É o mais antigo texto apócrifo da Paixão; hostiliza os Judeus e atenua a culpa de Pilatos bem como o sofrimento de Jesus.
Quando eles levantaram a cruz, nela inscreveram: “Este é o rei de Israel.
Depuseram as suas vestes diante dele e dividiram-nas entre si tirando à sorte.
Um destes malfeitores admoestou-os nestes termos: “Os nossos crimes mereceram-nos este suplício, mas ele, que é o salvador dos homens, que mal vos fez ele?”
Eles, cheios de irritação, ordenaram que não se lhes partisse as pernas, com receio que a morte pusesse fim aos seus sofrimentos.
Era meio-dia e a escuridão estendeu-se por toda a Judeia. Eles estavam inquietos: tinham medo que o Sol se pusesse enquanto ele ainda vivia. A sua Lei diz, com efeito, que o sol não se deve pôr sobre um justiçado.
E um dentre eles disse: “Dai-lhe de beber fel misturado com vinagre”. Prepararam a bebida e deram-lha.
Interessante esta preocupação de limitar o sofrimento dos condenados, ao sol-pôr!
E o Senhor gritou dizendo: “Força, ó minha força, tu me abandonaste!” Tendo falado, foi elevado.
Nesse instante, o véu do Templo de Jerusalém rasgou-se em dois.
Então eles retiraram os cravos das mãos do Senhor e estenderam-no no chão. E toda a terra tremeu e houve um grande pavor.
Depois o Sol tornou a brilhar: era a nona hora.
                
Nem a história nem a arte renascentista italiana faz justiça a este homem bom que foi José de Arimateia.

José (de Arimeteia) tomou o Senhor, lavou-o, envolveu-o num lençol e levou-o para o seu próprio túmulo, chamado jardim de José.
Então os Judeus , os Anciãos e os Sacerdotes, conscientes do mal que tinham feito a si próprios, começaram a bater com a mão no peito e a dizer: “Ai das nossas faltas! O juízo aproxima-se, e o fim de Jerusalém."
Os Escribas, os Fariseus e os Anciãos reuniram-se entre eles, porque tinham compreendido que todo o povo murmurava e batia com a mão no peito, dizendo: “Se estes sinais extraordinários se deram pela sua morte, vede como ele era justo!”
E confrangedor ver, que, então, como hoje, a multidão não tem capacidade de avaliar, por si, os atos de outrem, necessitando de sinais místicos ou de entidades consideradas “iluminadas”.  A autêntica génese de todos os despotismos.
Petrónio foi o centurião enviado, com um corpo de soldados, por Pilatos, a pedido dos Anciãos para guardar o túmulo de Jesus, prevenindo o eventual roubo do seu corpo pelos seus discípulos, o qual poderia ser atribuído à Ressurreição ao terceiro dia, anunciada por Jesus, afetando a credibilidade daqueles. Contudo, coisas extraordinárias aconteceram, vozes e um homem, vindos dos céus, entrando este no sepulcro, de tal forma que, os guardas, assustados correram a contar a Pilatos o que tinham visto.
Pilatos respondeu: “Eu estou puro do sangue do Filho de Deus. Sois vós que o haveis querido.”
Maria Madalena, a discípula do Senhor, foi, com as suas amigas ao túmulo do Senhor cumprir os seus deveres conforme os costumes, encontrando o túmulo aberto, com um jovem , belo e de veste deslumbrante, sentado a meio, que as informou da ressurreição de Jesus, tendo-as amedrontado e provoca a sua fuga, apavoradas.
Pedro e os Discípulos, Judas tinha morrido, choraram desolados, seguindo para suas casas. Simão Pedro e André, pegaram nas redes e fizeram-se ao alto-mar.
(Continua)

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