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sexta-feira, 23 de junho de 2017

Os evangelhos Apócrifos (II) (France Quéré, editorial Estampa)

  
   Na série de extratos anteriores sobressaem dois temas que reputo de grande interesse; o primeiro relacionado com a "reprimenda" de um Apóstolo a Pedro, pela desconfiança com que este via a deferência que Jesus disponibilizava a Maria Madalena. Poderá ver-se aqui a génese do afastamento das mulheres da estrutura eclesiástica da Igreja, tendo em conta que Pedro foi o seu fundador?
   Noutro passo faz-se referência à importância da associação da Fé ao conhecimento como vias de acesso a Deus. Os Eclesiastas, dos quais se destacaram São Tomás de Aquino, o fundador da doutrina e Abelardo, desde muito cedo, desenvolveram esta teologia, apesar do domínio da corrente dogmática até aos dias de hoje, e, pelos vistos, com fundamento primordial.
   Evangelhos da Natividade e da Infância:
   Proto-Evangelho de Tiago:
   Consta ter sido escrito por Tiago o Menor, irmão de Jesus segundo o Evangelho, meio-irmão segundo este texto. Data de meados do século II e inspira-se livremente nos textos canónicos sobre a infância.
   Natividade de Maria. Revelação de Tiago:
   E eis que um anjo do Senhor apareceu, dizendo: "Ana, Ana, o Senhor Deus ouviu a tua prece. Tu conceberás e gerarás, e da tua geração se falará na terra inteira."
   Um anjo do Senhor desceu sobre ele e disse-lhe: "Joaquim, Joaquim, o Senhor Deus atendeu a tua oração. Desce daqui. Eis que Ana, tua mulher concebeu no seu ventre."
   Logo Joaquim desceu e convocou os seus pastores, dizendo-lhes: "Tragam-me aqui dez cordeiros sem mácula nem defeito. Estes dez cordeiros serão para o Senhor Deus. Trazei-me também doze veados bem tenros o os doze veados serão para os padres e o Conselho dos Anciãos. E ainda cem cabritos, e os cem cabritos serão para todo o povo."
   Ana e Joaquim atravessavam uma crise de falta de descendência, ultrapassada pela oração que suscitou a intervenção divina e gerou aquela que viria a ser a mãe de Jesus; Maria.

   Quando se completaram os dias, Ana purificou-se, deu o peito à criança e chamou-a pelo nome de Maria.

   Ana e Joaquim entregaram Maria, com três anos no Templo do Senhor, conforme tinham prometido, donde saíu aos doze anos para esposa de José, um nonagenário, escolhido pela sua idoneidade num processo místico.

   E José ergueu-se do seu saco e chamou Maria: "Tu, a escolhida de Deus, que fizeste tu aqui? Esqueceste o Senhor teu Deus? Porque te desonraste, tu que foste educada no Santíssimo lugar e foste alimentada pela mão de um anjo?

   E ela chorou amargamente dizendo: "Eu estou pura e não conheço homem". E José disse-lhe: "Donde vem o fruto do teu ventre?" E ela respondeu: "Tão verdade que vi o Senhor meu Deus, como ignoro donde ele vem."

   Depois de interrogar os magos acerca do nascimento de Jesus, Herodes, pediu-lhes para irem à sua procura e o informar para também ele o adorar. Porém, por indicação de um anjo, os magos regressaram por caminho diverso, o que irritou Herodes ao ponto de mandar matar todas as crianças com dois anos. Foi então que, ao ter conhecimento do massacre, cheia de medo, Maria, escondeu o menino numa manjedoura. Por sua vez, Zacarias, pai de João, e sacerdote do Templo do Senhor, foi mandado assassinar por Herodes por se ter recusado a dar a localização do filho, escondido com sua mãe Isabel, por ação de um anjo, nas entranhas da montanha. Simão sucedeu a Zacarias, por deliberação dos sacerdotes e foi advertido pelo Espírito Santo, de que não morreria sem ter contemplado Cristo vivo.

(Continua)

(Bellini, Renascimento italiano) 

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