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sábado, 29 de fevereiro de 2020

Nós os Portugueses (Maria Filomena Mónica)


Na cauda da Europa (16 de Julho de 2006)

   “…Sucede que, com a globalização, a concorrência aumentou, podendo acabar por nos liquidar. Os sete países recentemente integrados da UE, que possuem um PIB per capita inferior a Portugal, ultrapassar-nos-ão antes de 2050, uma vez que exibirão taxas de crescimento mais elevadas do que as nossas. O rendimento médio português passará a ser o mais baixo de todos. De novo, estaremos onde sempre estivemos, isto é, na cauda da Europa. Dois fatores existem - a sempiterna fraca produtividade e o envelhecimento da população - que explicam esta situação.”

   Antero de Quental, nas palestras, que proferiu em 27 de Maio de 1871, chamadas “Conferências do Casino”, atribuía o atraso luso a três causas: o Concílio de Trento (a Religião Católica), o estabelecimento do Absolutismo (a destruição das liberdades locais) e o desenvolvimento das “Conquistas Longínquas” (os Descobrimentos).

  Passadas décadas, alterados os regimes e a demografia, mantém-se o interesse pelas causas do nosso atraso - a dimensão do mercado, o analfabetismo popular, a situação periférica - sem que se tenha chegado a uma conclusão definitiva.

   Tem sido moda comparar o caso português com o da Finlândia, país pobre que enriqueceu subitamente. Contudo, surpreendentemente, a causa não foi a tecnologia - Nokia - mas a maior produtividade da sua agricultura face à portuguesa.

   Em 1850 o PIB per capita dos dois países era idêntico, mas em 1914, o de Portugal baixou para metade do da Finlândia.

   Porém, não devemos desesperar, rezam as projeções demográficas que os europeus estão em vias de extinção antes do ano 3000; o último francês expirará em 2107, o último italiano em 2180 e o último inglês em 2780. Quanto ao último português não há estudos.

   Contrariando a teoria de Malthus, não será por falta de alimentos que a Civilização que conhecemos desaparecerá, mas por falta de vontade de procriar.
 
Maria Filomena Mónica

Peniche, 1 de Março de 2020
António Barreto

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