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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Humberto Delgado, O Mártir Socialista (Notas, P4)


Humberto Delgado, O Mártir Socialista

(Considerações com base nos livros; O Inimigo Nº 1 de Salazar de Paulo Jorge Castro; Acuso!, de Henrique Cerqueira; A Tirania Portuguesa, de Iva Delgado e outros)

   João José Nascimento Costa o 3º Piloto de serviço na ponte de comando do Santa Maria morto pelos assaltantes ao reagir ao ataque, tentando desarmar Jorge Sotto Mayor. João Lopes, Praticante de Piloto em serviço com Nascimento Costa foi o também alvejado, cobardemente, com três tiros nas costas, vindo a falecer na ilha de Santa Lucia onde foi desembarcado.


A PIDE teve conhecimento desta nova organização mas subavaliou o seu potencial. Várias bombas deflagraram em Espanha; na sede do Ayuntamiento de Madrid - por ocasião da visita do MNE português - e junto à sede da Falange espanhola - partido que apoiava o regime franquista -, onde morreu o bombista. Por deflagrar ficaram duas outras bombas; uma na sede da Ibéria e outra numa estátua junto ao museu do Prado. Foram detidos dois suspeitos pela polícia espanhola; um foi condenado a 30 anos de prisão, outro à morte por estrangulamento pelo garrote. Henrique Galvão, porta-voz para a Venezuela, fundamentou o uso de explosivos e prometeu ações idênticas em Portugal com salvaguarda de vidas inocentes e de interesses estrangeiros.

   Foi então que, numa iniciativa local de recrutamento, José Fernando Fernández Vasquez - o célebre Jorge Sotomayor -, ex-oficial da marinha, combatente antifranquista e antifascista, sobrevivente de Saint Ciprien e Auschwitz, aderiu ao DRIL, vindo a desempenhar papel de relevo no sequestro do Santa Maria e a ser um dos suspeitos da morte do piloto Nascimento Costa, este, segundo Galvão, “o único tripulante que merecia viver”.

   Pouco depois, o “bom coração” do operacional destacado pelos militantes do DRL na Bélgica para a operação Covadonga, poupou a vida a milhares de adeptos e ao próprio Franco - que assistiam, no Santiago Bernabéu à finalíssima da Taça entre o Real Madrid e o Atlético de Madrid, que este viria a ganhar -, ao desistir do atentado à bomba destinado a matar o ditador espanhol. A antevisão das vítimas inocentes tê-lo-á feito recuar, depositando a bomba, desativada, numa casa de banho do estádio.

   A mesma sorte não tiveram os cinco civis e a menina de ano e meio, Maria Begoña Urroz atingidos no atentado do dia seguinte, 27 de Junho de 1960, na estação de San Sebastán - aqueles feridos e esta atingida mortalmente -, a quarta de uma série de explosões que incluíram as estações de Madrid e Barcelona, uma semana após o encontro de Salazar e Franco em Mérida.

   Contrariamente à ativa divisão espanhola do DRIL à qual não faltavam operacionais determinados, Henrique Galvão, frustrado, não conseguiu arregimentar voluntários para a operação de rapto de Salazar em Lisboa que congeminara. Contudo, conseguiu ganhar a simpatia do futuro Presidente do Brasil, Jânio Quadros, então apenas candidato. E cria a fugaz rádio “Voz Portugal Livre” com emissor numa embarcação vagueando pelas caraíbas e audível em Lisboa.

   Finalmente, veio a operação Santa Maria. Sob a égide de Humberto Delgado, que mandata Henrique Galvão, secretário-geral do MNI, a constituir, com a DRIL, a Junta Nacional Independente de Libertação (JNIL) com a finalidade de realizar operações de libertação de Portugal em território pátrio ou equiparável; navio ou aeronave. O comando do lado espanhol ficou a cargo de Jorge Sotomayor e do lado português, de Henrique Galvão. Dulcineia foi o nome que Delgado deu à operação.
 
 
Peniche, 1 de Fevereiro de 2019
António Barreto

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