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sábado, 26 de outubro de 2024

Figueira da Foz, Defesa da Barra e Costa

 Figueira da Foz

Defesa da barra e costa



A infraestrutura de defesa da barra e da costa de Buarcos e Figueira da Foz era constituída pelos Fortes de São Pedro e de Santa Catarina de Ribamar, pelo Fortim de Palheiros e pela Atalaia da Vela.


Refere-se que o Forte de Santa Catarina de Ribamar terá sido construído durante os reinados de D. Henrique, O Casto - de 1578 a 1580 - e de D. Sebastião, O Desejado - de 1557 a 1578.


Contudo, algo não bate certo, uma vez que, em 23 de Outubro de 1585, segundo o mesmo autor, os notáveis da região, em nome da Câmara de Coimbra, escreveram a Filipe I, O Prudente - Rei de Portugal de 1581 a 1598 - alertando-o para a necessidade de “dotar a defesa da barra de Buarcos com um “forte, tiros e soldados espanhóis”, a erguer nos rochedos situados à entrada da dita barra conhecidos como Monte de Santa Catarina”.


A contradição é óbvia face ao confronto das datas; se em 1585 não havia Forte como pode a sua estrutura remontar aos reinados anteriores? Só em termos de intenção ou projeto, mas tal não se infere do texto.


Três detalhes suscitam atenção; em primeiro lugar o empenho da Câmara de Coimbra na construção do Forte, resultaria da preocupação natural com a própria segurança, mas, provavelmente, também da dependência jurisdicional histórica da zona ribeirinha relativamente a Coimbra desde Sesnando Davides, depois do Mosteiro de Santa Cruz e ainda D. Pedro, primeiro Duque de Coimbra. Esta subordinação poderá ainda explicar uma certa fricção entre as respetivas populações, muito viva em tempos, muito atenuada nos dias de hoje.


Em segundo lugar a referência à “barra de Buarcos” resultaria de, à época, povoado na Foz do Mondego ser ainda incipiente em termos económicos e populacionais.


Em terceiro lugar pede-se uma guarnição de soldados espanhóis! Estou em crer que, por esta altura, devido à união ibérica, odispositivos militares - materiais e humanos - portugueses, integrariam as Forças Armadas espanholas. Ainda assim, seria mais sensato guarnecer o forte com soldados portugueses.


Por outro lado, o financiamento, exclusivamente assegurado pelas rendas da Vila de Buarcos, do cabido, do Mosteiro de Santa Cruz e da Universidade de Coimbra, indicia uma certa autonomia económica e financeira regional. Apesar do evidente interesse nacional da obra, o contributo da coroa parece ter-se limitado ao licenciamento régio.


Em sequência, para condução das obras foram nomeados três capitães de infantaria e um de cavalaria. Contudo, parece que o resultado não foi grande coisa uma vez que, em 1602, o dispositivo foi incapaz de resistir ao ataque, pilhagem e destruição dos povoados, perpetrado , durante seis dias por piratas ingleses.


Afonso Furtado de Mendonça, reitor de Coimbra, chefiando uma coluna de estudantes e homens armados das redondezas, resgatou, então, as povoações, desalojando os atacantes, que se haviam refugiado no convento de Santo António - atual igreja da Misericórdia da Figueira da Foz - e no Forte de Santa Catarina.


É aqui que se esclarece a contradição que referi acima; efetivamente, há um lapso do autor quando atribui o início da construção do Forte de Santa Catarina aos reinados de D. Sebastião e D. Henrique.


O Forte de São Pedro é que foi construído no século XVI, em substituição de uma estrutura fortificada construída anteriormente ao século XV, reforçada posteriormente com dois baluartes e peças de artilharia por D. Pedro, primeiro Duque de Coimbra e regente de Portugal de 1439 a 1448.


“Buarcos, então vila de grande poder e detentora de grande quantidade de naus, via-se na necessidade de pôr os seus habitantes a fazerem vigia para evitar eventuais ataques.”


Mas, não só os larápios externos eram motivo de preocupação para o povo de Buarcos; também os internos lhes causavam danos. Numa nota de rodapé o autor dá conta de uma queixa que os pescadores de Buarcos apresentaram contra os governadores e soldados do forte, que lhes confiscavam o pescado sem sequer pagarem um real.


Certo é que o forte, por sinal, não tinha, então, grande préstimo, uma vez que, cerca de 1566, um bando de corsários invadiu e pilhou os povoados de Buarcos e Figueira, tendo provocado grandes danos. E só com o auxílio militar que veio de Coimbra foi possível derrotá-los e expulsá-los.

Tal feito valeu, em 1570, um louvor de D. Sebastião, aos juiz, vereadores, procuradores, homens bons, e povo da cidade de Coimbra, pela efetiva organização dos socorros solicitados pelo povo de Buarcos.


Segundo Carlos Pereira Calisto, entre 1570 e 1602, terá decorrido a construção do novo Forte de São Pedro.


A verdade porém é que as peripécias da construção, reconstrução e recuperação do Forte de São Pedro não se esgotam aqui.


Forte de Santa Catarina de Ribamar

Peniche, 26 de Outubro de 2024

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Figueira da Foz

 

Figueira da Foz

Navegabilidade e defesa do rio Mondego


Na primeira metade do século XVII as caravelas de Sesimbra subiam o rio até Montemor-o-Velho. Fenómenos diversos; construção de diques, obstrução do leito do rio e seus afluentes pelos aluviões fluviais e marítimos, foram dificultando a navegação no rio.


A tal ponto que, D. Luís I “O Popular” - reinou de 11.11.1861 a 19.10.1889 - em meados do século XIX, desceu o rio desde Montemor até à Foz, comprovando a sua - ainda - navegabilidade.


Para defesa do estuário e da povoação, segundo o general João Almeida, existiu um castelo medieval próximo da igreja de São Julião, cujas ruínas ainda eram visíveis no século XVII.


Porém, a um tal Nogueira Gonçalves, pareceu que a “boa torre” do abade Pedro, do século XI, se referia a tal castelo também designado por Torre dos Redondos.


Mas não é tudo; diversos achados neolíticos parecem indicar a existência de uma estrutura defensiva ainda anterior sob a forma de um castro.


Sesnando Davides - um moçárabe influente na taifa de Sevilha, crê-se natural de Tentúgal, donde teria sido raptado pelos árabes, que, posteriormente se colocou ao serviço de Fernando I, o Magno, rei de Leão e Castela, e terá sido decisivo na tomada de Coimbra - no século XI tomou o dito castelo, e deu-lhe um perfil defensivo acrescentando-lhe torres.


Como recompensa, Fernando Magno nomeou o culto e bravo Sesnando Governador dum vastíssimo território, desde o Douro às linhas árabes a sul, e desde Viseu à costa atlântica.


Alvo de novas obras e ampliações no século XIII no reinado de Afonso III o Bolonhês - reinou de 1248 a 1279 -, este castelo, e toda a correspondente estrutura defensiva, foi doado em 1411 por D. João I, o Mestre de Aviz – reinou de 1385 a 1433 – a seu filho D. Pedro duque de Coimbra.


Ponte Edgar Cardoso - com vénia a CMFF

Nota:

Ou não percebi bem ou há confusão entre o castelo de São Julião - Foz do Mondego - e a Torre dos Redondos - próximo de Buarcos. Dada a enorme distância entre eles, não pode tratar-se da mesma estrutura. Falta aqui algo mais.

Créditos a : Figueira da Foz - José Pedro de Aboim Borges, e C.M.F.F.                   


Peniche, 22 de Outubro de 2024

António Barreto