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domingo, 10 de maio de 2020

O Confinamento da Comunidade Cigana

Tribunal Eclesiástico da Inquisição
 
O que se me oferece dizer sobre o tema do confinamento dos ciganos e da intervenção de Ricardo Quaresma:

   Ricardo Quaresma insinuou que André Ventura estava a fomentar a violência entre os ciganos e os não ciganos, o que pode ser interpretado como uma ameaça velada, próprio aliás, do comportamento característico daquela comunidade. 

   Na verdade distorceu os factos, a proposta de Ventura destinava-se a prevenir a propagação da doença entre os vários grupos daquela etnia e entre estes e a comunidade em geral, tendo em conta o facto de, habitualmente, não acatarem as regras gerais.
   Como é que isto pode ser considerado uma ofensa? Não pode!
    Por outro lado os casos de violência envolvendo elementos ciganos são recorrentes e resultantes do entendimento destes de que detêm um estatuto especial, que os dispensa do cumprimento das leis do país, e provoca mal estar e confrontos com a população não cigana.
   Mas o Quaresma não se pronunciou sobre esta realidade. Porquê?
   Ricardo Quaresma, ao que consta é de origem cigana e parece que ostenta um certo orgulho nisso. Integrou-se e elevou o seu estatuto social e económico pelo futebol, sendo, hoje, respeitado por todos.
   Juntou-se aos seus amigos, sujeitou-se aos critérios de avaliação de competências desportivas, cumpriu as regras dos treinos, conquistou um lugar nas suas equipas em competição com os seus colegas, construiu uma carreira internacional de prestígio, ascendeu à Seleção Nacional  que representou com destaque e orgulho de todos, ciganos e não ciganos, portistas, benfiquistas, sportinguistas incluídos (eu também) sendo um exemplo para ciganos e não ciganos.
   Portanto o seu exemplo de luta e superação das dificuldades respeitando as regras comuns, integrado na sociedade, deveria servir de exemplo para aos próprios ciganos e ele mesmo constituir-se como agente dessa mudança junto da comunidade, incitando-a a respeitar os outros.
   Claro que não acredito que, esta, tenha sido uma ação espontânea de Quaresma. Creio que foi manipulado pelos opositores de Ventura, incomodados e receosos de o confrontar no local próprio nos termos adequados, incluindo António Costa, que não hesita em usar a estratégia do enxovalho pessoal, eximindo-se ao debate dos temas que o incomodam.
   No fundo desta polémica está o preconceito antidemocrático de certos partidos com assento parlamentar, incluído o do governo, que se recusam a debater qualquer assunto proposto por Ventura, manifestando um desprezo execrável, como se Ventura fosse um troglodita, que é extensível aos seus eleitores e simpatizantes. Preconceito que se pensava banido do xadrez político nacional depois do 25 de Novembro de 1975.
   Finalmente, está patente, mais uma vez, algo que ninguém tem coragem de abordar mas que existe desde os anos 80; a partidarização do futebol. Uma insensatez que, fatalmente, dará mau resultado.
Uma última nota para referir que nem todos os ciganos são problemáticos; há muitos amistosos e alguns integrados em funções notáveis, aos quais ninguém nega consideração pessoal.
Peniche, 10 de Maio de 2020 
António Barreto                                                          

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