Da Lusitânia a Portugal
De Diogo Freitas do Amaral
Bertrand Editora
Notas II (sobre a obra)
Os condes de Guimarães foram os
primeiros administradores da Galiza e de Entre-Douro-e-Minho, outorga de Afonso
III de Leão em 868. Mais uma vez, se regista a unidade do norte de Portugal com
a Galiza, união efetuada pelos suevos, na expansão do seu reino para sul, até
ao Tejo.
Toledo, em 587, foi a capital do reino Visigodo no reinado de Leovigildo.
Estes organizavam-se em monarquia eletiva - o rei era eleito ou deposto pelo
clero e pela nobreza - e, sendo arianos, perseguiram os católicos até ao
terceiro Concílio de Toledo em 589 depois da conversão do rei Ricaredo.
O feudalismo iniciou-se com o estabelecimento dos colonatos nos últimos
dois séculos do ciclo romano e estabeleceu-se devido à fuga das populações para
os campos, em virtude da incapacidade de enfrentar a invasão muçulmana,
procurando a proteção dos senhores das terras.
As Revoluções Liberais, francesa em 1789 e Portuguesa em 1820,
conduziram ao fim dos privilégios sociais, económicos e fiscais dos donatários
do feudalismo.
A organização cristã da península ibérica em bispados e paróquias
deve-se aos visigodos, os quais, no plano jurídico, deixaram também um vasto
legado inspirado no Direito Romano, nomeadamente, o “Código de Eurico”, o “Breviário
de Alarico” e o “Código Visigótico”.
A entrada árabe e berbere na península ibérica teve início em 711 na
batalha de Guadalete, na sequência do pedido de intervenção ao Califa de
Damasco Tariq, de um dos dissidentes do rei visigótico Rodrigo, que traiu o seu
exército em plena batalha, juntando-se às forças do inimigo.
As Astúrias foram o bastião de refúgio dos cristãos, que os muçulmanos
não conseguiram tomar.
Em França, os árabes foram derrotados na batalha de Poitiers em 732.
Hoje, que o islamismo suscita tão justificados receios nas populações
ocidentais, é curioso notar que, segundo o autor, naquela época, o islamismo
não descaracterizou a civilização peninsular a qual manteve os idiomas latinos,
o direito romano e a prática do cristianismo em estreita ligação com a Santa
Sé. No entanto, suprimiram as autonomias municipais instituindo uma teocracia
centralizada e subordinada a Alá. Deixaram vasto legado na arquitetura, algum na
língua, introduziram a extraordinária numeração árabe substituindo a limitada
numeração romana, e na agricultura, as cenouras, a alface, o arroz, a
amendoeira, a figueira, a pereira, a macieira, a cerejeira e a oliveira. Na
tapeçaria manual, devemos-lhes os belíssimos tapetas de arraiolos.
O domínio árabe no território português durou 528 anos; 150 anos na
região entre os rios Minho e Mondego, 436 anos na região entre o Mondego e Tejo,
517 anos no Alentejo e 528 no Algarve.
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