O Presidente da República (PR) solidarizou-se com Luís Miguel Cintra (LMC) e a sua Cornucópia face ao anúncio de fecho desta conhecida e respeitada companhia de teatro, devido a financiamento público insuficiente. Aprendi a respeitar LMC pela persistência e excelência do seu desempenho como ator e encenador, com impacto além fronteiras. Compreendo e aceito o apoio público às artes, condicionado a critérios de interesse público e de universalidade. Apesar da longevidade do percurso da Cornucópia, o seu raio de ação limitou-se ao restrito âmbito da Capital, refletindo, talvez, os velhos preconceitos das elites relativamente à população da "província". Por outro lado, suspeito que, LMC cumpria uma agenda política, disseminando, com subtileza, entre o seu público, uma certa realidade e interpretação da mesma.
Posto isto, considero a atuação do PR, estapafúrdia, por invasão direta da área de competência do Governo, discriminatória face a outros casos idênticos, populista por garantir a adesão de grande público e das esquerdas, e hipócrita, por não lhe reconhecer genuína preocupação com as pessoas. De facto, não me constou que se tivesse deslocado ao hospital que recusou alimentos e medicação aos seus doentes durante dois dias "por falta de pessoal". Ter-me-ia convencido da bondade das suas causas se tivesse contribuído para a clarificação do caso e para a punição dos eventuais autores desta barbaridade cometida sobre gente inocente, quem sabe, vítimas das reivindicações sindicais.
Tudo isto deixa no ar a preocupação de perceber "que raio de PR temos?".
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