Da Lusitânia a Portugal
De Diogo Freitas do Amaral
Bertrand Editora
Notas III (sobre a obra)
Da Reconquista Cristã
Foi em 718, em Covadonga, que Pelágio, com um pequeno exército de
Visigodos refugiados em Oviedo, derrotaram os muçulmanos que em três anos
tinham dominado a península até aos montes cantábricos.
Até 750, o rei asturiano Afonso I recupera a Galiza e todo o território
entre os rios Minho e Douro, concluindo a primeira fase da “Reconquista Cristâ”.
Mais uma vez, Norte de Portugal e Galiza estão sob a tutela do mesmo rei.
Pela espada do rei Asturiano Afonso III é reconquistada a cidade do
Porto e zonas limítrofes em 866, e, pela sua pena, em 868 um grande condado,
entre os rios Minho e Douro limitado a oeste por Bragança e Mogadouro, que
viria a ser o 1º Condado Portucalense com sede em Guimarães, chefiado por
Vimara Peres, o militar que reconquistara a cidade do Porto, com autonomia administrativa,
com características dinásticas.
Foi também Afonso III que, em 878, reconquistou Coimbra, perdida
posteriormente para Almansor e novamente conquistada, já em 1064, desta vez,
por Fernando de Castela, depois de Leão, após a reconquista de Lamego em 1057 e
de Viseu em 1058. O moçárabe Sisnando, por se ter destacado nessas campanhas,
foi o primeiro Conde de Coimbra, região entre os rios Douro e Mondego, outorga
do rei Fernando, por se ter destacado nessas campanhas.
A “primeira revolução tecnológica” deu-se nos séculos X e XI e consistiu
na substituição dos escravos por bois ou cavalos na tração das charruas para
desbravamento das terras Tal inovação proporcionou ganhos de produtividade e a
libertação dos escravos, que passaram a servos. Note-se que esta passagem de
escravo para servo nem sempre foi benéfica para o próprio; o escravo era
protegido pelo senhor que tinha obrigação de suprir as suas necessidades, já o
servo era responsável por si próprio, desvinculando-se o senhor de quaisquer
responsabilidades, além da disponibilização de terras de cultivo e de proteção militar
em troca de uma parte nas colheitas.
O ensino e a investigação faz-se nas catedrais e nos mosteiros
atribuindo-se aos monges a tradução do Árabe para latim das obras da
Antiguidade Clássica Grega, que permitiu ao escolástico São Tomás de Aquino
conhecer o pensamento de Aristóteles.
O primeiro ato de rebelião surgiu com o conde portucalense Nuno Mendes
em 1071, contra Garcia, o senhor da Galiza, em discordância com os excessos
políticos e tributários deste. Apesar da contenção da revolta, Afonso VI de
Leão, insatisfeito com Garcia, assumiu a administração direta da Galiza e do
Condado Portucalense a juntar às de Castela e Leão. Raimundo de Borgonha, conde
francês, recebe de Afonso VI a administração da Galiza em 1090-1092 e o
autogoverno de Portucale em 1094. Mais uma vez, o norte de Portugal e a Galiza
juntos.
O 2º Condado Portucalense subsistiu de 1094 a 1096 sob a jurisdição do
conde Raimundo que também administrava a Galiza. Perante a copiosa derrota das
forças de Raimundo em Lisboa, em 1095, às mãos das tropas almorávidas, Afonso
VI, em 1096, entregou a jurisdição de Portucale e Coimbra para o conde D. Henrique,
de “Jure Hereditário”, que casara com D. Teresa, sua filha ilegítima. Três anos
depois, os Cruzados tomam Jerusalém aos árabes.
Nasceu o 3º Condado Portucalense, incorporando agora Coimbra, que durou
até 1143, data em que em Zamora Raimundo reconhece a independência de
Portucale. Teve três titulares; D Henrique, D. Teresa e D. Afonso Henriques.
Interessante
a explicação do conflito entre D Teresa e D. Afonso Henriques; tendo-se,
indevidamente, intitulado rainha após a morte de D. Henrique - era filha de rei
mas não tinha reino, sendo legitimamente regente do Condado até à maioridade de
D. Afonso -, D. Teresa, manteve-se o poder quando, em 1127, D. Afonso fez 18
anos de idade. Quando em 1128 - 24/06 - se travou a batalha de S. Mamede, este
tomou pela força o poder que legitimamente lhe pertencia.
Supõe-se que D, Afonso Henriques tenha nascido em 1109, em Guimarães, ou Viseu, mas sabe-se que foi educado em Ribadouro, Lamego, por Egas Moniz. Em 1125, aos 14 anos, na catedral de Zamora, D. Afonso Henriques, armou-se cavaleiro, tradição dos filhos de rei (que não era o seu caso).
Catedral de Zamora
Peniche, 13 de Junho de 2018
António J. R. Barreto
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