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quarta-feira, 13 de junho de 2018

Da Lusitânia a Portugal, notas III


Da Lusitânia a Portugal
De Diogo Freitas do Amaral
Bertrand Editora
Notas III (sobre a obra)
Da Reconquista Cristã
   Foi em 718, em Covadonga, que Pelágio, com um pequeno exército de Visigodos refugiados em Oviedo, derrotaram os muçulmanos que em três anos tinham dominado a península até aos montes cantábricos.

   Até 750, o rei asturiano Afonso I recupera a Galiza e todo o território entre os rios Minho e Douro, concluindo a primeira fase da “Reconquista Cristâ”. Mais uma vez, Norte de Portugal e Galiza estão sob a tutela do mesmo rei.

   Pela espada do rei Asturiano Afonso III é reconquistada a cidade do Porto e zonas limítrofes em 866, e, pela sua pena, em 868 um grande condado, entre os rios Minho e Douro limitado a oeste por Bragança e Mogadouro, que viria a ser o 1º Condado Portucalense com sede em Guimarães, chefiado por Vimara Peres, o militar que reconquistara a cidade do Porto, com autonomia administrativa, com características dinásticas.

   Foi também Afonso III que, em 878, reconquistou Coimbra, perdida posteriormente para Almansor e novamente conquistada, já em 1064, desta vez, por Fernando de Castela, depois de Leão, após a reconquista de Lamego em 1057 e de Viseu em 1058. O moçárabe Sisnando, por se ter destacado nessas campanhas, foi o primeiro Conde de Coimbra, região entre os rios Douro e Mondego, outorga do rei Fernando, por se ter destacado nessas campanhas.

   A “primeira revolução tecnológica” deu-se nos séculos X e XI e consistiu na substituição dos escravos por bois ou cavalos na tração das charruas para desbravamento das terras Tal inovação proporcionou ganhos de produtividade e a libertação dos escravos, que passaram a servos. Note-se que esta passagem de escravo para servo nem sempre foi benéfica para o próprio; o escravo era protegido pelo senhor que tinha obrigação de suprir as suas necessidades, já o servo era responsável por si próprio, desvinculando-se o senhor de quaisquer responsabilidades, além da disponibilização de terras de cultivo e de proteção militar em troca de uma parte nas colheitas.

   O ensino e a investigação faz-se nas catedrais e nos mosteiros atribuindo-se aos monges a tradução do Árabe para latim das obras da Antiguidade Clássica Grega, que permitiu ao escolástico São Tomás de Aquino conhecer o pensamento de Aristóteles.

  O primeiro ato de rebelião surgiu com o conde portucalense Nuno Mendes em 1071, contra Garcia, o senhor da Galiza, em discordância com os excessos políticos e tributários deste. Apesar da contenção da revolta, Afonso VI de Leão, insatisfeito com Garcia, assumiu a administração direta da Galiza e do Condado Portucalense a juntar às de Castela e Leão. Raimundo de Borgonha, conde francês, recebe de Afonso VI a administração da Galiza em 1090-1092 e o autogoverno de Portucale em 1094. Mais uma vez, o norte de Portugal e a Galiza juntos.

   O 2º Condado Portucalense subsistiu de 1094 a 1096 sob a jurisdição do conde Raimundo que também administrava a Galiza. Perante a copiosa derrota das forças de Raimundo em Lisboa, em 1095, às mãos das tropas almorávidas, Afonso VI, em 1096, entregou a jurisdição de Portucale e Coimbra para o conde D. Henrique, de “Jure Hereditário”, que casara com D. Teresa, sua filha ilegítima. Três anos depois, os Cruzados tomam Jerusalém aos árabes.

   Nasceu o 3º Condado Portucalense, incorporando agora Coimbra, que durou até 1143, data em que em Zamora Raimundo reconhece a independência de Portucale. Teve três titulares; D Henrique, D. Teresa e D. Afonso Henriques.

   Interessante a explicação do conflito entre D Teresa e D. Afonso Henriques; tendo-se, indevidamente, intitulado rainha após a morte de D. Henrique - era filha de rei mas não tinha reino, sendo legitimamente regente do Condado até à maioridade de D. Afonso -, D. Teresa, manteve-se o poder quando, em 1127, D. Afonso fez 18 anos de idade. Quando em 1128 - 24/06 - se travou a batalha de S. Mamede, este tomou pela força o poder que legitimamente lhe pertencia.
 
Supõe-se que D, Afonso Henriques tenha nascido em 1109, em Guimarães, ou Viseu, mas sabe-se que foi educado em Ribadouro, Lamego, por Egas Moniz. Em 1125, aos 14 anos, na catedral de Zamora, D. Afonso Henriques, armou-se cavaleiro, tradição dos filhos de rei (que não era o seu caso).
 
 
 
 

Catedral de Zamora
 
Peniche, 13 de Junho de 2018
António J. R. Barreto
 
  

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