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5.e) “G.C.4” ou guerra
do compadrio. Refere-se ao despotismo, com o correspondente terror,
difundido entre a colónia portuguesa da Argélia, que estava dependente para a
sua entrada e saída do país, dos caprichos das informações do sr. Piteira Santos,
sempre muito interessado nestas funções de querer mostrar força aos compatriotas,
na falta de força política real atrás dele.
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9.….Nestas condições o pessoal de que disponho é o que se
debruça muito mais sobre os pequeninos problemas de Argel - ódios e prestigiozitos
pessoais - do que sobre assuntos sérios. Mal entro na Junta, é quási certo: o
sr. Piteira arenga ou quer arengar contra os portugueses de Argel! Que obsessão!
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13. Isto no material. No representativo, tem o seu quê de
cómico ver o sr. Piteira Santos empurrando o sr. Cabeçadas, querendo à força
ver se volta a ficar dono do “poder” sobre os pobres compatriotas. Furioso,
escumando raiva, saiu-lhe da boca ameaça dizendo que eu me arrependeria (!) de
lhe ter tirado esse poder com que criou o terror em Argel, como ditador. Está
querendo cumprir a ameaça através de ações de tipo psicológico “uterino” -
passe o termo.
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15.c) Substituir, por agora interinamente, neste Comando
Operacional, o sr. Piteira Santos, pelo sr. Eng. Manuel Tito de Morais que tratará
de ir desempenhando as funções já fixadas para o primeiro.
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15.g) Suspender de
funções para averiguações sob acusação de traidor, perseguidor de portugueses,
intriguista e indivíduo perigosamente ambicioso, o sr. Piteira Santos a quem
fica vedado pisar a sede da Junta como membro, até que o órgão maior da
Oposição decida do que deve ser o seu destino. Deve entregar imediatamente, até
ao dia 6 do corrente, o que à Junta pertença.”
Extrato da carta dirigida por Humberto
Delgado em Agosto de 1964, com a referência Nº P/89, aos membros da Junta
Revolucionária Portuguesa, com sede em Argel, enquanto seu Presidente,
publicada em “O Bando de Argel” (de Patrícia Mcgowan).
Peniche, 13 de Janeiro de 2020
António Barreto
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