Com cravos e bolos…
“O General Spínola
encontrava-se num estado de grande depressão. Chegara ao ponto de chorar
abertamente numa das audiências. Sentia-se que estava submetido às maiores
pressões contra as quais mal podia reagir. Desabafara afirmando que estava “rodeado
por covardes e traidores”.
Contou toda a história das negociações,
afirmando que nunca transigiria com o que lhe queriam impor. Os próprios
ministros Mário Soares e Almeida Santos, que os emissários viram sem lhes
falar, pareciam acabrunhados.
Quando se mencionou o nome do Maj. Melo
Antunes, o Gen. Spínola não se conteve gritando que “esse é um comunista, não
tenho já dúvidas a tal respeito”.
Referiram a possibilidade de ele ser nomeado
para Moçambique (como os jornais haviam largamente noticiado) e o Presidente da
República acrescentou; “Se isso acontecer há que abatê-lo. Têm três dias para
lhe darem um tiro na cabeça.”
Penso que a ninguém
ocorreu objetar que seria mais simples não chegar a nomeá-lo, uma vez que essa
prerrogativa pertencia ao Chefe de Estado.
Ainda mais simples teria sido prendê-lo em vez
de oficiais considerados patriotas (como o Tem. Cor. Alexandre Lousada, o Com.
Almeida e Costa e o Maj. Casanova Ferreira) aceitarem fazer parte do séquito de
um “comunista” na sua triunfalista deslocação a Lusaka.”
“Moçambique Terra
Queimada”, Jorge Jardim, Intervenção.
Peniche 03 de Janeiro
de 2020
António Barreto
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