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segunda-feira, 8 de abril de 2019

Portugal Traído (notas 1)

  Portugal Traído
Fernando Pacheco Amorim
(Edição de Autor)

   
Este livro de Fernando Pacheco Amorim - fundador do Partido do Progresso e membro do MDLP -, escrito em Madrid onde o autor se exilou na sequência do 28 de Setembro, é um testemunho revelador dos tenebrosos bastidores políticos decorrentes do 25 de Abril de 1974; do perfil pestilento de certos protagonistas do regime emergente e das causas ocultas dalguns acontecimentos decisivos na evolução política do país. As vicissitudes do PREC, marcadas pela manipulação político-militar do PCP, estão aqui detalhadas. É exposto o caminho trilhado no sentido de instaurar uma ditadura marxista em Portugal.

   Fernando Pacheco de Amorim vê no materialismo a causa da decadência das sociedades contemporâneas e na espiritualidade dos valores cristãos, fundadores da civilização europeia, a força regeneradora daquelas. Capitalismo de Estado nos regimes marxistas e capitalismo dos grandes grupos económicos nas democracias burguesas, são as duas faces do mesmo materialismo gerador da inapelável decadência coletiva.

   O declínio dos valores cristãos é “o drama mais profundo dos tempos modernos” na tese de Will Durand (1885-1981); tal terá ocorrido a partir do século XVI com o desenvolvimento da investigação científica, impulsionada pelo contributo revolucionário de Francis Bacon (1561-1626). Por outro lado o autor exprime convicção idêntica à de Michel Beaud (1935), segundo a qual a consequência inevitável da evolução da democracia é socialismo.

   Para o autor, o Direito Internacional não passa de um meio com que as grandes potências impõem os seus interesses. Ilustra a ideia com os casos da invasão de Goa, Damão e Diu e do após o 25 de Abril, em que a violação normativa vigente suscitou da comunidade internacional reação ambígua.

    A situação colonial portuguesa - no plano da descolonização geral acordada na Conferência de Yalta em 1945 - com exceção dos países comunistas, era, inicialmente, tida como um caso especial - devido ao pendor não racista do relacionamento secular dos portugueses com os povos de África e Ásia -, considerando-se as colónias parte integrante do respetivo território. A resistência do governo do Governo à substituição das estruturas coloniais e à integração das populações africanas, conforme recomendação da Comissão de Curadores da ONU - que implicaria o reconhecimento da efetivação da descolonização -, acabou por levar o assunto à Assembleia Geral, onde, com a mudança de posição do Governo americano - de John Kennedy em 1961 -, se iniciou o processo que culminou na descolonização de Abril. A subversão interna - traição - das estruturas governamentais por elementos enfeudados ao socialismo ou aos grandes grupos económicos externos e a resistência das populações europeias nos territórios, inviabilizou a integração das populações das colónias. Gorou-se, assim, a oportunidade de construção do Portugal pluricontinental e multirracial sonhado por Salazar. Em contrapartida, iniciou-se o processo de espoliação da nação lusa, planeado, há muito, pelos dois imperialismos. Após o 25 de Abril de 1974, podia ler-se no Paris Match: “Portugueses, chegou a hora das lágrimas”. E, para muitos, chegou.

Quem é Fernando Pacheco Amorim?

Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra foi professor contratado dessa mesma Universidade até 1975, centrando a sua vida académica nas áreas da Antropologia e da Etnologia. Foi um dos líderes da oposição monárquica ao Estado Novo e o teorizador e permanente defensor, em Portugal, do integracionismo como solução adequada para uma eficaz política ultramarina. Tinha, neste seu combate, o apoio dos Ministros Franco Nogueira e José Gonçalo Correia de Oliveira Fundaria, após a revolução de 25 de Abril, o Movimento Federalista Português, mais tarde Partido do Progresso, que viria a ser ilegalizado pelo MFA na sequência do 28 de Setembro. Refugiado em Madrid, regressaria a Portugal após o Golpe de 25 de Novembro de 1975[1].

O seu inconformismo lúcido, que particularmente se manifestava na defesa das teses integracionistas e numa militância monárquica esclarecida fizeram, de Fernando Pacheco de Amorim, um dos inspiradores ide-ológicos da direita universitária coimbrã na primeira metade da década de setenta. (Wikipédia)

Foto: tela de D Afonso Henriques (1147)

Peniche, 8 de Abril de 2019
António Barreto

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