1-Competitividade
A economia chinesa é altamente competitiva. É esse tipo de
competitividade que queremos para Portugal? Eu não!
Antes de mais
porque, na China, não há liberdade política nem económica, nem profissional,
nem social. E, para mim, a Liberdade não tem preço; não há dinheiro ou glória
que a pague.
A competitividade
chinesa, que catapultou o PIB do país a segundo do mundo - 23t de USD, cerca de
75 % do PIB americano, 27t USD, e 115% do PIB agregado da EU, 15t USD -,
resulta da repressão económica dos trabalhadores, a quem a administração pública
impõe salários exíguos e condições laborais indignas, negando-lhes qualquer
veleidade reivindicativa.
Convivi em África, não
há não muito tempo, com trabalhadores chineses, vi como a tecnologia chinesa
alastra pelo continente e vi a condição de carência económica daqueles, chegando,
com os meus colegas, a pagar-lhes refeições e entradas em recintos turísticos;
nem um cêntimo tinham nos bolsos, para seu livre gasto.
Não é este tipo de
competitividade que quero para Portugal! Defendo competitividade sim, mas com
dignidade, com direitos - como não se cansam de dizer os “nossos” comunistas.
Na China pratica-se
capitalismo de Estado; este apropria-se da mais-valia e entrega a maior parte
aos membros do partido, à administração pública, às forças de segurança e às forças
armadas.
Ao povo, reserva o
indispensável para que continue a produzir e alimentar os sonhos imperiais dos
líderes do partido-religião.
Aos dissidentes
reserva os campos de reeducação, onde se reconverterão ou acabarão mortos; lentamente,
sob tortura, ou com um solitário tiro na nuca, numa qualquer catacumba, ou em
inóspita floresta.
Mais uma vez Marx se
enganou; na China, onde se pratica capitalismo de Estado, os proletários
oprimidos não se revoltam, não por falta de vontade, mas por falta de força. No
Ocidente - capitalismo democrático -, os proletários também não se revoltam,
neste caso porque partilham da mais-valia que ajudam a criar, porque têm capacidade
reivindicativa e liberdade para sonhar, para decidir o seu futuro e o dos seus
filhos ou até para sair do país; são livres.
Peniche, 25 de Janeiro de 2023
António
Barreto
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