A República Romana
Regresso a Itália
Marco António, braço direito de César após a morte de Cúrio em África, ficara, por decisão daquele e durante a sua ausência, com a regência de Itália. Soldado temível, sem requintes de vestuário e de espada sempre à cinta, o hercúleo Marco António, uma espécie de Adónis, era adorado pelos seus soldados, com os quais confraternizava pelas tabernas de Roma.
Rodeando-se de artistas, cómicos, mímicos, bufos, músicos e meretrizes, o regente transformou a cidade num enorme bordel, passeando-se nos braços da sua amada Cíteris, a mais famosa, num carro puxado por dois leões, ao som dos coros de harpistas e do exotismo de bailarinas.
Famílias decentes foram obrigadas a acolher prostitutas em suas casas; os banquetes sardanapalescos sucediam-se transformando a cidade num gigantesco bordel. Marco António, exuberante, rindo de tudo e de todos, ostensivo e autoritário vivia em estado de embriaguez permanente, chegando a vomitar em plena Tribuna num dos Comícios. Companheiro de César na desbragada juventude, era desprezado, temido e usado por este.
Perante a rebelião organizada pelos defensores dos aristocratas Célio, Milo e Dolabela, que procuraram sublevar as cidades de Túrio e Cápua, com o objetivo de restaurar a República, Marco António não hesitou em opor-se-lhe, dominando-a, garantindo o domínio de César. Os insurgentes, receosos de perder privilégios, planeavam abolir todas as dívidas e dar alforria a todos os escravos.
Regressando a Itália em 45 a. C. com a finalidade de preparar a expedição a África, onde se reorganizava o que restava dos exércitos de Pompeu, César, eleito Cônsul, substituiu o desacreditado Marco António por Lépido na regência de Itália.
Este, entretanto, casara com a viúva de Clódio, Fúlvia, mulher abastada e com ambições políticas, que o convenceu da necessidade de adotar uma postura decente e grave.
(Continua)
Créditos a: História da República Romana, de Oliveira Martins
Peniche, 15 de Outubro de 2022
António Barreto
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