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sábado, 4 de julho de 2020

Robin Williams

 
   A primeira vez que reparei em Robin Williams foi na comédia dramática realizada em 1987, “Bom dia Vietname”, onde, na pele do DJ Adrian Cronauer, é recrutado em 1965 para chefiar uma estação de rádio na frente de batalha vietnamita. A popularidade que granjeou junto dos soldados provocou a hostilidade do superior hierárquico direto, o segundo-tenente Steven Hauk, que, com artimanhas várias, lhe faz a vida negra. Este filme, realizado por Barry Levinson em 1987, conta com um outro extraordinário ator, de seu nome Forest Whitaker. Em 1988 Robin Williams foi indicado para o Óscar de melhor ator, tendo-lhe sido atribuído o Globo de Ouro.

   Contudo, foi o “Clube dos Poetas Mortos” que me deixou impressão indelével, pela qualidade da representação, na fronteira cómico-dramática e pelo conteúdo temático; rejeição de estereótipos, descoberta e afirmação da identidade pessoal, da capacidade ousar um olhar diferente sobre o mundo num contexto Carpe Diem. O filme foi realizado por Peter Weir em 1989 e conta no elenco com os conhecidos Robert Sean Leonard, e Ethan Hawke. Recebeu quatro indicações para os Óscares de 1990; melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro original e melhor ator (Robin Williams), quatro indicações para os Globos de Ouro, prémio BAFTA em 1990, e outros.

   Natural de Chicago, Illinois, Robin Williams nasceu em 21 Julho de 1951, filho de Laura Smith, ex-modelo de Nova Orleães, e de Robert Williams, ex-executivo da Ford no Médio-Oriente. Como a generalidade dos americanos Robin tem múltipla ascendência; inglesa, galesa e irlandesa por parte do pai e francesa por parte da mãe. Frequentou a Igreja Episcopal, cresceu no Michigan e na Califórnia onde fez o ensino secundário. Durante quatro anos frequentou o Claremont Mckenna College. Tem dois meio-irmãos Todd, já falecido e McLaurin.

   Foi selecionado para a famosa Julliard Schooll - escola superior de música, dança e dramaturgia de prestígio mundial - em 1973, num lote de vinte caloiros, e, juntamente com Christopher Reeve, um amigo para a vida, foi escolhido para o seu programa avançado, dirigido por John Houseman, onde aprendeu facilmente a dominar todos os dialetos que lá se ensinam. Permaneceu nesta escola até 1976.

   Ainda na década de 70, Robin Williams, popularizou-se em diversos programas de TV, destacando-se na comédia stand-up - ator só, em palco, sem maquilhagem nem adereços -, um género que manteve durante a carreira. Entre os cem melhores comediantes stand-up da história eleitos, Robin classificou-se em 13º lugar, tendo-lhe sido atribuído um Emmy.

   Com alguma participação de destaque em peças de teatro, como em “Esperando Godot” - de Samuel Becket - foi no cinema que Robin Williams fez a maior parte da sua carreira.

   No cinema, onde fez a maior parte da sua carreira, começou por fazer dobragens de voz em filmes de animação, como Alladin, Fern Gully, Artifficial Intelligence, Robots, Happy Feet, Everyone’s Hero e dum popular personagem da Walt Disney World de nome Timekeeper.

   The Fisher King, comédia dramática realizada em 1991 por Terry Gilliam, Perry ex-professor de história medieval sem abrigo - personagem de Robin William -, encontra-se com Jack Lucas - personagem do grande Jeff Bridges -, ex-astro da rádio de Manhattan, bêbedo em permanência devido a problemas de consciência por, involuntariamente, ter induzido um ouvinte a cometer múltiplo homicídio num bar, com quem estabelece amizade da qual resulta uma cumplicidade de aventuras erráticas e fantasiosas. Este filme valeu um Óscar de melhor atriz secundária a Mercedes Ruehi, no papel de mulher de Jack Lucas.

  Em Good Will Hunting, filme realizado em 1997 por Gus Van Sant, Robin contracena com o fabuloso Mats Demmon e ganha um Óscar de melhor ator secundário. Um filme memorável onde um jovem funcionário de limpeza duma universidade revela uma aptidão surpreendente para a matemática superior. Submerso em profunda turbulência emocional sob o permanente e insuperável sarcasmo que expressa agressivamente a quantos o rodeiam, perdidas todas as esperanças, os paradoxos do génio são finalmente expostos por um veterano psicólogo, ex-combatente do Vietname - Robin Williams - que, silenciosamente, sofre, a recente perda da sua mulher.

   Em 1998, protagoniza outro filme memorável, “Patch Adams”, realizado por Tom Shadiac, sobre a vida do médico que dedicou especial ênfase à animação dos seus pacientes. Foi este filme que popularizou o uso do nariz vermelho nos hospitais, um pouco por todo o lado, até aos dias de hoje.

   No ano seguinte, em 1999, Robin Williams, é a estrela de The Bicentennial Man and Other Stories, uma comédia dramática de ficção científica realizada por Chris Columbus, acerca de um robot que procura a sua liberdade. Um êxito de bilheteira com um Óscar de melhor maquilhagem cujo tema foi interpretado por Celine Dion.

   Hook (o regresso do Capitão Gancho) em 1991, Awakenings (Tempo de Despertar) em 1990, What Dreams May Come em 1990, Insomnia em 2002 com a participação de Al Pacino, ainda em 2002 o suspense psicológico One Our Photo e em 2006, The Night Listener, são filmes do género dramático protagonizados por Robin Williams.

   A espontaneidade criativa num registo cómico carregado de humanismo caracteriza o registo de ator que consagrou mundialmente Robin Williams. Vale sempre a pena ver os seus filmes. Qualquer deles. Nunca desilude.

   Entusiasta de videojogos, fã de ciclismo profissional, de râguebi e da equipa neozelandesa All Blacks e dos veículos ecológicos, Robin Williams casou com Valerie Velardi  em 1978, de quem teve um filho, “pulando a cerca” com Michelle Carter - uma empregada de mesa que o acusou de lhe ter pegado herpes -, tendo-se divorciado em 1988. No ano seguinte voltou a casar, desta vez, com a ama de seu filho Marcha Garces de quem teve uma filha e um filho, tendo-se divorciado novamente em 2008 devido a “diferenças irreconciliáveis”.

   Viciado em cocaína nos anos 70 e 80, alcoólico, Robin Williams frequentou um centro de reabilitação no Oregão. Doente cardíaco, substituiu a válvula aorta em 2009 numa clínica de Cleveland.

   Filantropo, Williams fundou, com sua ex-mulher Marsha uma fundação com a missão de recolha e distribuição de fundos a instituições de caridade. Participou em vários eventos de recolha de fundos com fins solidários, integrou espetáculos para as tropas americanas no Iraque e no Afeganistão e doou toda a receita do seu road-show para reconstrução da cidade de Christchurch, na Nova Zelândia destruída por um terramoto em 2010.

   Sofrendo de depressão profunda, Robin Williams suicidou-se por enforcamento em Agosto de 2014. As suas cinzas foram espalhadas na baía de São Francisco da Califórnia.

   Robin Williams, um “senhor” ator.

Robin Williams

Fonte, Wikipédia e outros
Peniche, 4 de Julho de 2020
António Barreto

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