A primeira vez que reparei em Robin
Williams foi na comédia dramática realizada em 1987, “Bom dia Vietname”,
onde, na pele do DJ Adrian Cronauer, é
recrutado em 1965 para chefiar uma estação de rádio na frente de batalha
vietnamita. A popularidade que granjeou junto dos soldados provocou a
hostilidade do superior hierárquico direto, o segundo-tenente Steven Hauk, que, com artimanhas várias,
lhe faz a vida negra. Este filme, realizado por Barry Levinson em 1987, conta
com um outro extraordinário ator, de seu nome Forest Whitaker. Em 1988 Robin Williams foi indicado para o Óscar
de melhor ator, tendo-lhe sido atribuído o Globo de Ouro.
Contudo, foi o “Clube dos Poetas Mortos” que me deixou impressão
indelével, pela qualidade da representação, na fronteira cómico-dramática e
pelo conteúdo temático; rejeição de estereótipos, descoberta e afirmação da
identidade pessoal, da capacidade ousar um olhar diferente sobre o mundo num
contexto Carpe Diem. O filme foi
realizado por Peter Weir em 1989 e
conta no elenco com os conhecidos Robert
Sean Leonard, e Ethan Hawke. Recebeu
quatro indicações para os Óscares de 1990; melhor filme, melhor diretor, melhor
roteiro original e melhor ator (Robin Williams), quatro indicações para os Globos
de Ouro, prémio BAFTA em 1990, e outros.
Natural de Chicago, Illinois, Robin Williams nasceu em 21 Julho de 1951, filho de Laura Smith, ex-modelo de Nova Orleães, e de Robert Williams, ex-executivo da Ford no Médio-Oriente. Como a generalidade dos americanos Robin tem
múltipla ascendência; inglesa, galesa e irlandesa por parte do pai e francesa
por parte da mãe. Frequentou a Igreja Episcopal, cresceu no Michigan e na Califórnia onde fez o
ensino secundário. Durante quatro anos frequentou o Claremont Mckenna College. Tem dois meio-irmãos Todd, já falecido e McLaurin.
Foi selecionado para a famosa Julliard
Schooll - escola superior de música, dança e dramaturgia de prestígio
mundial - em 1973, num lote de vinte caloiros, e, juntamente com Christopher Reeve, um amigo para a vida,
foi escolhido para o seu programa avançado, dirigido por John Houseman, onde aprendeu facilmente a dominar todos os dialetos
que lá se ensinam. Permaneceu nesta escola até 1976.
Ainda na década de 70, Robin
Williams, popularizou-se em diversos programas de TV, destacando-se na
comédia stand-up - ator só, em palco,
sem maquilhagem nem adereços -, um género que manteve durante a carreira. Entre
os cem melhores comediantes stand-up da
história eleitos, Robin classificou-se
em 13º lugar, tendo-lhe sido atribuído um Emmy.
Com alguma participação de destaque em peças de teatro, como em “Esperando
Godot” - de Samuel Becket - foi no cinema que Robin Williams fez a maior parte da sua carreira.
No cinema, onde fez a maior parte da sua carreira, começou por fazer
dobragens de voz em filmes de animação, como Alladin, Fern Gully, Artifficial
Intelligence, Robots, Happy Feet, Everyone’s Hero e dum popular personagem
da Walt Disney World de nome Timekeeper.
The Fisher King, comédia
dramática realizada em 1991 por Terry
Gilliam, Perry ex-professor de história
medieval sem abrigo - personagem de Robin
William -, encontra-se com Jack Lucas
- personagem do grande Jeff Bridges -, ex-astro da rádio de Manhattan, bêbedo em permanência devido
a problemas de consciência por, involuntariamente, ter induzido um ouvinte a
cometer múltiplo homicídio num bar, com quem estabelece amizade da qual resulta
uma cumplicidade de aventuras erráticas e fantasiosas. Este filme valeu um
Óscar de melhor atriz secundária a Mercedes
Ruehi, no papel de mulher de Jack Lucas.
Em Good Will Hunting, filme
realizado em 1997 por Gus Van Sant, Robin
contracena com o fabuloso Mats Demmon
e ganha um Óscar de melhor ator secundário. Um filme memorável onde um jovem funcionário de limpeza duma
universidade revela uma aptidão surpreendente para a matemática superior. Submerso
em profunda turbulência emocional sob o permanente e insuperável sarcasmo que
expressa agressivamente a quantos o rodeiam, perdidas todas as esperanças, os
paradoxos do génio são finalmente expostos por um veterano psicólogo,
ex-combatente do Vietname - Robin Williams - que, silenciosamente, sofre, a recente
perda da sua mulher.
Em 1998, protagoniza outro filme memorável, “Patch Adams”, realizado por Tom
Shadiac, sobre a vida do médico que dedicou especial ênfase à animação dos
seus pacientes. Foi este filme que popularizou o uso do nariz vermelho nos
hospitais, um pouco por todo o lado, até aos dias de hoje.
No ano seguinte, em 1999, Robin
Williams, é a estrela de The Bicentennial
Man and Other Stories, uma comédia dramática de ficção científica realizada
por Chris Columbus, acerca de um robot que procura a sua liberdade. Um
êxito de bilheteira com um Óscar de melhor maquilhagem cujo tema foi
interpretado por Celine Dion.
Hook (o regresso do
Capitão Gancho) em 1991, Awakenings (Tempo
de Despertar) em 1990, What Dreams May
Come em 1990, Insomnia em 2002 com a participação de Al Pacino, ainda em 2002 o suspense psicológico One Our Photo e em 2006, The Night Listener, são filmes do género
dramático protagonizados por Robin
Williams.
A espontaneidade criativa num registo cómico carregado de humanismo
caracteriza o registo de ator que consagrou mundialmente Robin Williams. Vale sempre a pena ver os seus filmes. Qualquer
deles. Nunca desilude.
Entusiasta de videojogos, fã de ciclismo profissional, de râguebi e da
equipa neozelandesa All Blacks e dos
veículos ecológicos, Robin Williams casou
com Valerie Velardi em 1978, de quem teve um filho, “pulando a
cerca” com Michelle Carter - uma
empregada de mesa que o acusou de lhe ter pegado herpes -, tendo-se divorciado
em 1988. No ano seguinte voltou a casar, desta vez, com a ama de seu filho Marcha Garces de quem teve uma filha e
um filho, tendo-se divorciado novamente em 2008 devido a “diferenças
irreconciliáveis”.
Viciado em cocaína nos anos 70 e 80, alcoólico, Robin Williams frequentou um centro de reabilitação no Oregão.
Doente cardíaco, substituiu a válvula aorta em 2009 numa clínica de Cleveland.
Filantropo, Williams fundou, com sua ex-mulher Marsha uma fundação com a missão de recolha e distribuição de
fundos a instituições de caridade. Participou em vários eventos de recolha de
fundos com fins solidários, integrou espetáculos para as tropas americanas no
Iraque e no Afeganistão e doou toda a receita do seu road-show para reconstrução da cidade de Christchurch, na Nova Zelândia destruída por um terramoto em 2010.
Sofrendo de depressão profunda, Robin
Williams suicidou-se por enforcamento em Agosto de 2014. As suas cinzas
foram espalhadas na baía de São Francisco da Califórnia.
Robin Williams, um “senhor”
ator.
Robin Williams
Fonte, Wikipédia e outros
Peniche, 4 de Julho de 2020
António Barreto
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