Para Voltaire,
capitalismo é o sistema que obriga os ricos a fazerem trabalhar cada vez
mais os pobres. Já o direito de propriedade, segundo Rousseau, decorria, exclusivamente, do direito do agricultor ao
produto do seu trabalho, ano após ano; o direito à posse da terra que cultivava.
Fervilha o debate em torno da produção,
o fisiocrata Quesney, oriundo de
camponeses abastados, cirurgião e médico ordinário do rei, nobilitado em 1752,
proprietário rural, analisa e identifica as causas do anacronismo da
agricultura francesa, propondo novos métodos; do arrendamento em vez da
parceria e do uso do cavalo em vez do boi para as lavras. Quantificou o impacto
dos novos métodos num acréscimo de 2/3 da produção face à dos métodos
tradicionais. Para Quesney, a única
classe produtiva era a dos cultivadores, da qual saía toda a riqueza da nação,
das restantes classes, os proprietários dependiam dos agricultores; todos os
outros dependiam destes e constituíam a classe improdutiva. Um capitalismo
mercantil colonial, uma embrionária indústria manufatureira e uma agricultura
atrasada face à que se praticava na Holanda e em Inglaterra, caracterizava a
economia francesa da época.
Largamente influenciado pela
fisiocracia, Turgot, intendente e
depois Inspetor Geral das Finanças, dá
mais um impulso à análise de classes, ao atribuir ao capital manufatureiro papel
fulcral do progresso agrícola. Escalona as classes destes setores e dos
mercadores, do investidor ao operário e ao agricultor, estes, agora, simples
assalariados detentores apenas da sua força de trabalho braçal. Preconiza a
abundância de capitais e as baixas taxas de juro, opõe-se ao dirigismo e ao
protecionismo. Defende a liberdade económica, considerando que cada homem
conhece melhor o seu interesse que outro para quem esse interesse é indiferente
e que o interesse particular coincide sempre com o interesse geral quando há
liberdade de comércio. Pugna pela liberalização do comércio e das profissões,
leva-a à prática enquanto governante acabando por sucumbir à forte resistência
das corporações. Contudo, as suas ideias fazem o seu caminho acabando por
estabelecerem-se tratados de comércio com a Inglaterra, em 1786, e com a
Rússia, em 1787.
A burguesia acaba por ser a principal
beneficiada com a revolução de 1789 ao ver realizadas as suas principais
aspirações; como a abolição de privilégios, de monopólios e o desmantelamento
da corporação dos juízes.
Os operários são admitidos nas
assembleias primárias onde apresentam os seus cadernos de queixas, exigindo
salários dignos, estabilidade e equiparação constitucional do trabalhador à propriedade
dos ricos.
Assegurado o seu predomínio contra a
nobreza, a burguesia, através da lei de Chapelier,
de 1791, suprime as confrarias e ilegaliza a organização e concertação de
mestres e operários na prossecução de supostos interesses comuns.
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