Claude Monet - Falaise de Pourville, 1896
Neste mesmo século, desenvolve-se e
difunde-se o fascínio pela observação da matéria e da natureza com o contributo
régio, que fundou em Navarra um curso de física experimental para serviço do
Rei em 1753, suscitando tal entusiasmo que teve de ser aberto ao público.
Médicos, duques, abades, damas,
congregações religiosas, praticam o colecionismo de plantas, animais e pedras
nos seus gabinetes de física. Luís XV teve as suas coleções no seu Gabinete de
Física desenvolvido por Buffon, que transformou
o Jardim do Rei ampliando-o e construindo um anfiteatro para o ensino. Aí, o
químico Ruelle transmitia à
assistência o ardor do seu entusiamo durante as aulas, despindo a peruca, os
punhos de renda e a casaca nas suas palestras, tal o fascínio que o invadia. O
gosto pela ciência generalizou-se através de cursos públicos, como o de física
experimental ministrado pelo abade Nollet.
Multiplicavam-se os livros de vulgarização da ciência, alguns de grande valia,
como os de Buffon e Nollet, mas também do abade Pluche e de Priestley, sobre física experimental, história natural, natureza e eletricidade.
Sucedem-se as descobertas científicas; D’Alambert sistematiza os princípios da
mecânica em 1743; Lavoisier descobre
a composição do ar, em 1770/1771, e da água em 1783; Berthollet analisa o cloro em 1772 e Lagrange estabelece os princípios da mecânica analítica em 1787.
Florescem as ideias dos filósofos sob o
primado da razão, da descoberta das lei naturais, estabelecidas por um ser
supremo, Deus, atribuindo ao progresso intelectual dos indivíduos a via do
progresso humano. Ideias cultivadas pela alta burguesia e difundidas nas cortes
reais pela aristocracia. Fruto do trabalho de cento e trinta autores, publica-se
a Enciclopédia (1751/1764) destinada
a substituir a Summa Theologiae do escolástico São Tomás de
Aquino, que haveria de ser infrutiferamente proibida pela Igreja em 1752 e em
1759.
Sob a influência de Hobbes e Locke, liderada pela aristocracia e pela burguesia de toga
intensifica-se a reflexão sobre o poder, os regimes políticos, as leis, os direitos,
o interesse geral, o contrato social e a vontade coletiva.
Em 1748 Montesquieu publica o Esprit
des Lois onde reconhece o governos monárquico, republicano e despótico,
preconizando o equilíbrio entre o povo, a nobreza e o rei, e a separação dos
poderes legislativo, executivo e judicial. Para Montesquieu é a falta de trabalho que faz um homem pobre e não a
ausência de bens, competindo ao Estado prevenir a miséria para impedir o
sofrimento do povo ou… a sua revolta.
Jean Jacques
Rousseau, no seu Contrato Social debruça-se sobra os conceitos de Democracia e
Liberdade, considerando que todo o homem nasce livre apesar de em toda a parte
viver aprisionado; que a Liberdade é inerente à condição humana e que a sua
renúncia, ainda que ocasional, retira a moralidade da ação que lhe está associada. Segundo Rosseau, pelo contrato social o homem
perde a sua liberdade natural e o direito ilimitado a tudo o que pode aspirar
ganhando direito à liberdade civil e à propriedade de tudo o que possui.
Considera absoluta e infalível a soberania do povo, desde que bem informado,
certo de que se coibirá de desrespeitar os limites das convenções gerais.
Fascinado pela Democracia considera-a aplicável apenas a um povo perfeito, de deuses, a mas inapropriada aos homens
e que, na sua verdadeira aceção, nunca existiu. Contrário ao absolutismo reserva
a democracia - direta – aos pequenos Estados e a aristocracia eletiva -
democracia representativa - para todos os outros, enquanto mal menor. Inseguro
quanto à viabilidade do princípio do
primado da Lei, preconiza, em alternativa, o despotismo arbitrário e tão arbitrário
quanto possível, eventualmente de influência divina. Em aparente contradição
considera o conflito entre os homens e as leis a causa do estado de guerra
permanente e o pior de todos, o estado que o consente.
Desenham-se os dois tipos de democracia ainda
hoje presentes na dialética política Ocidental; a popular - direta - e a
burguesa - representativa.
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