25 de Abril
O fator Spínola
O fator que, quanto a mim, foi decisivo no despoletar do processo foi o fator Spínola. Julgo que Spínola andava apavorado com o espetro da derrota militar, que começou a pairar com a intensificação do apoio da União Soviética aos guerrilheiros, em armamento, e de Cuba, em operacionais.
A Operação Mar Verde terá sido uma tentativa desesperada de reverter o processo através da mudança de regime na Guiné Conacri e da captura ou eliminação de Amílcar Cabral e Seku Touré. Por outro estava prestes a consumar-se o desfecho do julgamento em Tribunal Militar dos militares envolvidos na rendição da Índia; o opróbrio pairava sobre a corporação militar.
O livro Portugal e o Futuro - quase toda a orgânica que preconizava tinha sido posta em prática com a reforma constitucional de 1971 - funcionou como pré-legitimação do golpe do 25 de abril. Spínola não aguentou a pressão militar e Costa Gomes, então CEMGFA, quanto a mim, era um marxista infiltrado nas FA que foi decisivo na entrega do Ultramar, aos movimentos com vínculo ao marxismo e à União Soviética, e ao abandono das populações - ordenando o baixar de braços às FA que assistiram de braços cruzados à chacina dos portugueses. A decisão de Salazar de o manter no quadro após a participação no golpe de Botelho Moniz em 1961, revelou-se fatal quanto ao Ultramar, mas também quanto ao desfecho do 28 de Setembro; ao alegar, enquanto CEMGFA, que não dispunha de efetivos para desativar as barricadas, foi cúmplice do Partido Comunista no desencadear do PREC. Portugal perdeu a guerra na frente interna, e, sim, foram os comunistas que hoje apoiam a invasão da Ucrânia, os responsáveis, graças, sobretudo à política de abertura de Marcelo Caetano.
Viatura cujo condutor foi abatido pelos militares das barricadas no 28 de Setembro.
Peniche, 25 de Abril de 2022
António Barreto
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