Na cauda da Europa (16 de Julho de 2006)
“…Sucede que, com a globalização, a concorrência aumentou, podendo
acabar por nos liquidar. Os sete países recentemente integrados da UE, que
possuem um PIB per capita inferior a
Portugal, ultrapassar-nos-ão antes de 2050, uma vez que exibirão taxas de
crescimento mais elevadas do que as nossas. O rendimento médio português
passará a ser o mais baixo de todos. De novo, estaremos onde sempre estivemos,
isto é, na cauda da Europa. Dois fatores existem - a sempiterna fraca
produtividade e o envelhecimento da população - que explicam esta situação.”
Antero de Quental, nas palestras, que proferiu em 27 de Maio de 1871,
chamadas “Conferências do Casino”, atribuía o atraso luso a três causas: o
Concílio de Trento (a Religião Católica), o estabelecimento do Absolutismo (a
destruição das liberdades locais) e o desenvolvimento das “Conquistas Longínquas”
(os Descobrimentos).
Passadas décadas, alterados os regimes e a demografia, mantém-se o
interesse pelas causas do nosso atraso - a dimensão do mercado, o analfabetismo
popular, a situação periférica - sem que se tenha chegado a uma conclusão definitiva.
Tem sido moda comparar o caso português com o da Finlândia, país pobre
que enriqueceu subitamente. Contudo, surpreendentemente, a causa não foi a
tecnologia - Nokia - mas a maior
produtividade da sua agricultura face à portuguesa.
Em 1850 o PIB per capita dos
dois países era idêntico, mas em 1914, o de Portugal baixou para metade do da
Finlândia.
Porém, não devemos desesperar, rezam as projeções demográficas que os
europeus estão em vias de extinção antes do ano 3000; o último francês expirará
em 2107, o último italiano em 2180 e o último inglês em 2780. Quanto ao último
português não há estudos.
Contrariando a teoria de Malthus,
não será por falta de alimentos que a Civilização que conhecemos desaparecerá,
mas por falta de vontade de procriar.
Peniche, 1 de Março de 2020
António Barreto
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