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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
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Yo soy pajaro corsário, la rebelion es mi esencia.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
Receita para dormir
Camile Pissarro
"Tinha um sono fácil, de homem ligeiro de consciência e pouco temente aos azares"
(A Brusca, Agustina Bessa Luis)
Yo soy pajaro corsário, la rebelion es mi esencia.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
Traição feminina, segundo Agustina.
"Até na traição há uma fidelidade própria; uma mulher pode servir os sentidos e guardar um respeito descarnado e extremo àquele que acaba de trair."
(Agustina Bessa Luis, A Brusca)
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domingo, 18 de fevereiro de 2018
A Brusca (Agustina Bessa Luis, Guimarães e Cª Editores)
Publicado pela primeira vez em 1967, A Brusca, é um livro de contos em
que a autora retrata, em particular, um certo mundo rural, recorrendo em geral
a figuras ou circunstâncias pitorescas, por vezes caricatas, através de uma
linguagem fluida, rica, por vezes fascinante. Em “Uma Pescaria”, “O Bodo” e o “Correio
da noite” emerge com exuberância a espontaneidade, a imaginação e a abnegação
de um povo enquanto em “A Mãe de Um Rio” é reconhecível o realismo mágico de
Garcia Marquez. Foi, em especial, “Uma Pescaria” que me cativou com uma breve,
colorida e emotiva descrição da atividade piscatória na vila de Vieira de
Leiria, semelhante, afinal, à das povoações do litoral português, eloquentemente
descrita por Raul Brandão; “Dez a vinte vezes o barco era devolvido à praia; os
homens tentavam de novo, destemidos e inermes, com o terror sagrado nos
valentes corações.” e, “Remadores de grossos braços e veias pretas sob a pele,
moços de cabelos anelados pelo sal, as velhas de saiotes franjados na orla pelo
uso, olhavam-no friamente e interrompiam o trabalho quando ele chegava, fosse o
de remendar as redes, fosse o de pintar um olho de Argos na proa dum barco. Não
eram doidos nem sábios; não queriam corromper aquela estreita aliança com as
coisas do seu mundo, coisas a que deviam tudo o que eram, a raça de luto, o pão
da liberdade.” Sublime.
Peniche, 19 de Fevereiro de 2018
António Barreto (JR)
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domingo, 4 de fevereiro de 2018
O Gebo e a Sombra (Raul Brandão, Europa-América)
Fã incondicional de Raúl Brandão acabo de ler duas das suas peças de teatro; o drama O Gebo e a Sombra e a farsa, O Avejão, publicadas em 1923, época de grandes contrastes sociais resultado do pós guerra. O novo-riquismo, caracterizado por grandes fortunas obtidas de forma quase instantâneas, contrastava com a condição de extrema pobreza da maior parte da população. Tal como refere o autor do blogue "Caruma", tinha-se acabado de reestruturar a dívida pública - que na bancarrota parcial de 1893 representava 124 % do PIB -, em 1902, por 99 anos! Acabou de ser liquidada em 2001 e, em 2017, temos nova dívida acumulada na ordem dos 130 % do PIB, eventualmente, para amortizar nos próximos 100 anos. Talvez isto queira dizer que Portugal é um Estado falhado.
Enfim, a peça de Brandão, objeto da atenção de Manoel de Oliveira que a transpôs para cinema, e repertório habitual das companhias de teatro, em especial de província, propõe a reflexão entre a dicotomia honestidade-pobreza e desonestidade-prosperidade. Quer o Gebo, quer a Velha moribunda, depois de uma vida de renúncia por apego à honradez e lealdade, geradora de escárnio e indigência, acabam por concluir da inutilidade dessa conduta, rendendo-se, O Gebo, às recompensas de mundo vivência proporcionada pela ausência de escrúpulos. Indiferente à censura social a marginalidade é encarada como opção legítima dos excluídos da sociedade. Já a Velha, consciencializada pelo Avejão - espécie de fantasma, anjo, que bem poderá ser a voz da consciência -, arrepende-se de não ter vivido por conforme as suas aspirações profundas.
Li em qualquer lado que não recordo, alguém referir que a honradez é o único recurso dos que resta aos pobres. A obra, interpela-nos se as regras sociais e as leis, impostas e aplicadas pelas classes dominantes, não se destinam a perpetuar a pobreza, tornando-a irreversível e necessária à manutenção do status daqueles. A consolidação e expansão das democracias Ocidentais no pós 2ª GM, trouxeram a universalidade do voto e da lei, a massificação cultural, o desenvolvimento tecnológico e económico, a liberdade de expressão e associação, o advento do Estado social, enfim, a representatividade popular nos órgãos de soberania, periodicamente confirmada, atenuou as desigualdades sociais, eliminando a irreversibilidade da pobreza. Apesar de tudo, os perigos de deslizamento das democracias para derivas totalitárias, impõem um contínuo aperfeiçoamento dos sistemas, constituindo, quanto a mim, o maior desafio político das sociedades modernas.
António Barreto (JR)
Peniche, 03 de Fevereiro de 2018
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