cont.
Jesus na montanha Milkon
Maria Madalena
Simeão, Jesus, Maria e José
O Crucificado
Espantou-se o Centurião,
glorificando-o e considerando-o justo, retiraram as multidões batendo no peito,
afligiram-se Pilatos e a sua mulher, indiferentes manifestaram-se os Judeus perante
aquele, amigos de Jesus e mulheres que o tinham acompanhado mantiveram-se à
distância, e foi José de Arimateia, membro do Concelho, com Fé no Reino de
Deus, que, inesperadamente, tendo pedido a Pilatos o corpo de Jesus, o desceu
da cruz e, enrolando-o num lençol branco, o depositou num túmulo novo, que
preparara para si próprio e se chamava “O Jardim de José”. E foi este José, o
José de Arimateia, que, além de Nicodemo, este moderadamente, enfrentou e recriminou
os Judeus quando estes os procuravam bem como aos apóstolos e a todos os que
tinham ajudado Jesus diante de Pilatos, agora escondidos, para os confrontar: -
Fica a saber que apenas a hora nos impede
de te castigar, pois o sábado começa. Mas,
sabe-o também, tu nem sequer uma sepultura mereces. Deitaremos a tua carne aos
pássaros do céu. Disseram-lhe os Judeus. Retorquiu José: Vós falais com a arrogância de Golias, que insultou o Deus vivo e o santo David….Na verdade, receio que a cólera (divina) já se abata sobre vós e sobre os vossos filhos, como dissestes. Tal
ousadia custou-lhe a prisão e a sentença de morte pelos mesmos que tinham
exigido a crucificação de Jesus.
Deposição de Cristo, Paolo Varonese
(É curioso como, quer os
Apóstolos, quer outros partidários de Jesus, se mantiveram, discretamente, à
distância, após a condenação daquele, sem um único gesto de revolta! Terá sido
por medo? Por debilidade da crença? Ou antes resignação perante o conhecimento
da inevitabilidade das provações Divinas, transmitidas, metaforicamente, por
Jesus, na Última Ceia? E porque ficou José de Arimateia, o único que defendeu
Cristo abertamente, com risco da própria vida, na obscuridade da doutrina
católica?)
Ora sucedeu que, quando os sumos sacerdotes, mandaram buscar José para
assistir à deliberação sobre o tipo de morte que lhe aplicariam, verificaram
que tinha desaparecido, apesar da porta permanecer selada com a chave na posse
de Caifás! O povo, estupefacto e aterrado, finalmente, deixou em paz os que,
perante Pilatos tinham defendido Jesus.
Ainda, os sumos sacerdotes, digeriam estes acontecimentos procurando uma
forma de controlar os danos, quando os soldados que guardavam o túmulo de Jesus
- para impedir os discípulos deste levarem o seu corpo -, os informaram das
coisas extraordinárias que tinham presenciado, e os deixara semimortos, em que,
pela meia-noite, um anjo resplandecente, vindo do céu, rolou a pedra do túmulo
e, sentando-se sobre ela, anunciou às mulheres, cuja identidade desconheciam e
que iam cuidar e velar o corpo de Jesus, que este tinha ressuscitado e estava
na Galileia, pedindo-lhes para avisarem os seus Discípulos.
Ressurreição
Incrédulos e temerosos, os sumos sacerdotes, subornaram os guardas para
divulgarem que tinham sido os discípulos de Jesus a levar o seu corpo enquanto
dormiam, sossegando-os, caso o assunto chegasse aos ouvidos do Governador, pois
eles se encarregariam de os proteger.
O caso é que, entre os sacerdotes e Levitas, Adas e Ageu, mais um
doutor, vindos da Galileia, relataram aos chefes da sinagoga ter visto Jesus,
na montanha Milkom, falar aos seus Discípulos, instruindo-os para difundirem a
sua doutrina pelo mundo inteiro, batizarem os convertidos e fazendo-lhes
milagres, conferir-lhes imunidade a venenos e capacidade de agarrar serpentes,
sendo elevado aos céus, falando-lhes ainda.
Contrariados, os sacerdotes reagiram com aspereza, fazendo-os jurar
silêncio, subornando-os, dando-lhes de comer e beber e reenviando-os para a
Galileia acompanhados de três dos seus sequazes. Desconcertados com tais
relatos, sacerdotes, chefes da sinagoga e anciãos, não descortinando
explicações para os mesmos, limitaram-se a balbuciar que não se deviam fiar em
incircuncidados. Foi então que Nicodemos sublinhou a genuinidade do povo do
Senhor, que, sob juramento, tinha testemunhado os mesmos acontecimentos,
lembrando-lhes os ensinamentos das Sagradas Escrituras acerca da elevação aos
céus de Elias. Sugeriu então que mandassem procurar Jesus por todo o território
de Israel, para o caso de ter sido levado por um espírito, para uma das
montanhas. Sem sucesso. Encontraram José de Arimateia, mas não ousaram
prendê-lo.
Os sacerdotes e companhia, felizes por terem notícias de José e
desejosos de saberem o que se tinha passado com ele, mandaram emissários
entregar-lhe uma mensagem onde lhe pediam para regressar à sua família, retratando-se,
tratando-o por pai José e confessando-se transidos por não o terem encontrado
na sala onde o tinham prendido. José mostrou-se feliz com o teor da mensagem,
sentindo-se, finalmente, livre de perigo.
Hospedou-os, rezou com eles
pela manhã e regressou a Jerusalém montado numa jumenta, tendo sido recebido
pelo povo com grandes manifestações de alegria. - A paz esteja contigo. Benvindo sejas. E ele respondia: A Paz esteja convosco! Recebeu-o
Nicodemo que, radiante, ofereceu um festim em sua casa, em sua honra para a
qual convidou Anás, Caifás, os Anciãos, os sacerdotes e os levitas, que
decorreu num ambiente de festa.
No dia seguinte, sacerdotes, entre os quais Anás e Caifás, chefes da
sinagoga e levitas, regressaram a casa de Nicodemo, onde José ficara hospedado,
pedindo-lhe, invocando as escrituras, que lhes contasse o que se tinha passado
aquando do seu desaparecimento. José então explicou que, pela meia-noite de
sábado, quando se encontrava a rezar - tinha sido trancado na décima hora de 6ª
feira -, a casa onde estava entrou em grande convulsão, tendo ficado quase cego
com uma espécie de clarão, caindo por terra apavorado. Então, alguém lhe pegou
na mão, levantando-o, momento em que sentiu água fresca correr sobre si da
cabeça aos pés, enquanto emanações de mirra lhe chegavam às narinas.
Limpando-lhe a cara e abraçando-o, o inesperado visitante disse-lhe: - Não tenhas medo, José. Abre os teus olhos
e vê quem é aquele que te fala. Levantando o olhar, José viu Jesus, ficando
ainda mais aterrado pensando tratar-se dum fantasma pondo-se a recitar os
mandamentos, no que foi acompanhado pelo “fantasma”. Ora como os
fantasmas fugiam ao ouvir recitar os mandamentos, José pensou tratar-se de
Elias, o Rabi. – Eu não sou Elias. – Quem
és tu, Senhor? – Eu sou Jesus. Disse-lhe o que parecera um fantasma,
contando-lhe o que lhe tinha acontecido após a crucificação. José, ainda
inseguro, pediu-lhe para lhe mostrar o lugar onde o colocara. E mostrou; ainda
lá se encontravam o lençol e o sudário. E José teve a certeza de que estava na
presença de Jesus, que, com todas as portas fechadas o levou para sua casa, para junto da sua cama,
dizendo-lhe: - A Paz esteja contigo! Abraçando-o,
Jesus disse-lhe para permanecer em casa quarenta dias e que ia juntar-se aos
seus irmãos da Galileia.
José de Arimateia
Perante o relato de José, os sacerdotes e companhia, desfaleceram e
abstiveram-se de comer até à nona hora. Foi então que Nicodemo os interpelou,
incitando-os a ganhar coragem com a proximidade do dia do Senhor, o sábado, o
que os fez levantar e comer e beber depois de terem louvado a Deus,
regressando, finalmente, cada um para sua casa.
No dia seguinte, sábado, doutores, sacerdotes e levitas, sentindo o
odioso que se tinha abatido sobre eles, reuniram-se para tentar perceber as
causas, tendo sido informados por Levi, um doutor da lei, cujo mestre fora
Simeão, o chefe da sinagoga, que conhecera os pais de Jesus; que estes, eram
tementes a Deus, praticavam a oração, pagavam o dízimo três vezes por ano e
ofereciam sacrifícios e holocaustos ao Senhor.
Simeão, disse Levi, tomando Jesus nos seus braços, declarou-se ao Mestre
pronto a partir, pois reconhecera naquele menino a salvação de todos os povos e
a glória do povo de Israel. Simeão abençoou Jesus e seus pais, anunciando a boa
nova a Maria: - Esta criança veio para a
queda e a ressurreição de muitos em Israel, e para ser um sinal de contradição.
E tu próprio, uma espada te trespassará a alma, a fim de que muitos a corações
sejam revelados os pensamentos.
Sempre renitentes, mas
insistindo na compreensão da verdade, os sacerdotes mandaram chamar o pai de
Levi para se pronunciar quanto ao testemunho do seu filho, que ambos
confirmaram. Decidiram então voltar a ouvir o testemunho aos rabi Abas, Fines e
Ageu, enviando emissários à Galileia, que os encontraram e trouxeram a
Jerusalém, à presença dos sacerdotes, a quem confirmaram, separadamente, o que anteriormente
lhes tinham contado do que tinham visto na montanha Milkon; Jesus sentado ensinando os discípulos tendo sido cobertos por uma nuvem que O levou
para o céu, com estes prostrados de fronte contra a terra. Perante a
coincidência dos três testemunhos, os sacerdotes, consideraram-nos verdadeiros invocando a Lei de Moisés que estabelecia como
suficientes para considerar verdadeira uma causa, dois ou três testemunhos
coincidentes.
Sacerdotes e levitas disseram entre si que, se a memória de Jesus
durasse até Sommos - Jobel - o seu reino seria eterno e se
levantaria um povo novo. De seguida, exortaram todo o Israel amaldiçoando o que adorasse obras feitas pela mão do homem
ou a criatura em vez do Criador, tendo respondido todo o povo: - Amen! Ámen! E cantaram hinos ao Senhor
dizendo:
- Bendito seja o Senhor que deu o repouso ao Povo de Israel, como o
tinha prometido. Não se perdeu uma única palavra de todas aquelas que ele tinha
dito a Moisés, seu servo. Que o Deus Nosso Senhor esteja connosco como estava
com os nossos pais. Que ele não nos conduza à nossa perda a fim de que possamos
converter-lhe o nosso coração e caminhar em todos os seus caminhos, guardar os
seus mandamentos e os julgamentos que ele legou aos nossos pais. E o Senhor
reinará em toda a Terra nesses dias. E ele será o único Senhor e o único nome,
o Senhor nosso rei! Ele mesmo nos salvará. Não há ninguém que se te assemelhe,
Senhor, tu és grande, Senhor, e nós seremos curados! Salva-nos, Senhor, e nós
seremos salvos! Pois somos a tua parte e a tua herança. E o Senhor não
abandonará o seu povo, por causa do seu nome magnífico. Pois o Senhor começou
por fazer de nós o seu povo. E voltaram a suas casas louvando a Deus, cuja
glória permanece pelos séculos dos séculos, ámen!
Moisés
(Ora então que podemos concluir
daqui, que os sacerdotes, levitas, anciãos, chefes da sinagoga e doutores,
interpretavam e faziam cumprir as escrituras ao povo de Israel; que tomavam as
suas decisões em assembleia após aturado debate, respeitando os preceitos
religiosos; que tributavam a população com a aplicação do dízimo três vezes por
ano e através de sacrifícios ou holocaustos; que ficaram aterrados com o abalo
que a doutrina de Jesus iria provocar na ordem pública; que recorreram ao
Governador romano porque podia condenar Jesus à morte por ofensa ao Imperador,
enquanto as suas próprias leis não a prescreviam a quem ofendesse a Deus, e
eles queriam matá-lo; que ficaram assustados e em dúvida quanto à verdadeira
identidade de Jesus; que, incluindo Anás e Caifás, procuraram esclarecer essa
dúvida com os meios de que dispunham e de acordo com as regras em uso; que, em
face da coincidência de vários testemunhos, aceitaram Jesus como filho do
Senhor e que tinha ressuscitado; que se arrependeram do sofrimento que lhe
tinham causado e a José de Arimateia; que, seguindo a lei de Moisés aboliam a
adoração de imagens feitas pelo homem bem como a pessoas além de Deus - os
santos -; que José de Arimateia regressou a Jerusalém num ambiente semelhante
ao que acontecera com Jesus Cristo; montado numa jumenta e glorificado pelo
povo; que ficam por explicar as omissões da igreja Católica, aqui bem
patentes).
(continua)
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