A Senhora e o Filho (Paolo Varonese, Renascimento italiano)
Explicar o Mundo
(Steven Weinberg, tradução Francisco Silva Pereira, Marcador Editora)
Tema; como foi que aprendemos a
saber mais sobre o mundo.
Hoje a ciência é
internacional…mas a descoberta da ciência moderna deu-se…no Ocidente.
O Ocidente…foi ao Egipto buscar a
Geometria; à Babilónia, os dados astronómicos; à Índia e à Babilónia, as
técnicas da aritmética; à China, a bússola magnética…mas não importou os
métodos da ciência moderna.
A contribuição para a ciência e
para a matemática do helenismo e do império romano só foi significativamente
ultrapassada na revolução científica e matemática dos séculos XVI e XVII.
Em Mileto, no século VI a. C,
mais de um século antes do tempo de Sócrates, os Gregos começaram a especular a
respeito da substância fundamental que constitui o mundo.
O primeiro Milésio parece ter
sido Tales, que viveu dois séculos antes de Platão, e previu um eclipse solar
que ocorreu em 585 a. C. e foi visível em Mileto.
Anaxímenes, um pouco mais tarde, defendeu que era o ar e não
a água, a substância comum a tudo.
Leucipo, filósofo de Abdera cerca de 499 a.C., afirmava que
tudo acontece por um motivo e por necessidade.
Demócrito, natural de Mileto, viajou pela Babilónia, Egipto
e Atenas antes de se fixar em Abdera no século V a. C., de cuja vasta obra
sobrevivem abundantes fragmentos, afirmava que toda a matéria é constituída por
pequenas partículas indivisíveis chamadas átomos.
No século V a. C., Zenão de
Eleia, discípulo de Parménides, na sua obra “Ataques”, defendeu que todo o
movimento era impossível, uma vez que, por exemplo, para percorrer uma pista
era necessário primeiro percorrer metade da respetiva distância, depois, metade
da distância restante e assim indefinidamente, tornando-se impossível chegar ao
fim.
O estudo de fenómenos de energias
elevadas, apesar de criticado, permite criar partículas hipotéticas de massa
elevada, como as partículas de matéria negra, que os astrónomos afirmam
constituir cinco sextos da matéria do Universo.
No entanto, os fenómenos de baixa
energia concitam igualmente a atenção dos cientistas, que calcularam a
intrigante massa dos neutrinos em cerca de um milionésimo da do eletrão.
Platão, como Sócrates, mais
preocupado com as questões humanas do que com a natureza da matéria,
ambicionava uma carreira política que lhe permitisse pôr em prática as suas
ideias utópicas e antidemocráticas. Felizmente, não teve oportunidade de o
fazer.
Tal não é inteiramente verdade,
uma vez que, Platão, especulou sobre os quatro elementos de Empédocles,
atribuindo às partículas - átomos - que os constituíam, a forma de quatro dos
cinco corpos sólidos conhecidos como poliedros regulares; o cubo, para as
partículas da terra, o tetraedro, para as do fogo, o octaedro, das do ar, e o
icosaedro, das da água.
Aristóteles, avançaria com um
quinto elemento, o éter, a quintessência, que supunha preencher o espaço acima
da órbita da Lua.
O esforço de identificação dos
constituintes elementares da matéria durou mais de dois milénios, e só no
início da era moderna os alquimistas identificaram o mercúrio, o sal e o
enxofre.
Priesley, Lavoisier, Dalton e
outros, foram os instigadores da revolução química iniciada no final do século
XVIII, que permitiu identificar os 92 elementos atuais, desde o hidrogénio ao
urânio (com exclusão do sal).
No século XII a. C, na idade do
bronze, depois das invasões dóricas e do desmantelamento da civilização
micénica, os gregos tornaram-se quase analfabetos, tendo-se generalizado,
naturalmente, o uso da poesia para a comunicação intergeracional em detrimento
da prosa, devido à eficácia proporcionada pela estética que lhe é inerente.
Só por volta de 700 a.C. a
literacia grega ressurgiu com o novo alfabeto, importado dos fenícios, que
Homero e Hesíodo usaram na sua poesia, alguma dela designada como a da idade
das trevas grega.
O elemento poético característico
do helenismo parece subsistir na Física moderna, não pelo talento literário dos
cientistas atuais, mas por, estes, orientarem as suas investigações segundo critérios
estéticos, sem prejuízo da validação pelo método da verificação, pouco comum
entre os gregos da antiguidade.
Pitágoras, originário da ilha
jónica de Samos, emigrou para Cretona, no sul de itália, em 530 a.C, onde
fundou um culto de características teocráticas, no qual os seus membros usavam
vestes brancas, acreditavam na transmitação das almas e onde era proibido o
consumo de feijão por se assemelhar ao feto humano. Sob seu governo o povo de
Cretona destruiu a vizinha cidade de Síbaris em 510 a.C.
Parece ter sido a música a causa
da dedicação dos pitagóricos à matemática ao descobrirem, acidentalmente, que a
condição de harmonia entre cordas de iguais características se verifica quando
a relação dos respetivos comprimentos se traduz numa fração de pequenos números
inteiros.
Eudoxo de Cnido, aluno de
Arquitas, este, por sua vez discípulo de Pitágoras, terá sido, provavelmente, o
maior matemático grego do século IV a.C..
Na sequência da batalha de
Queroneia na qual Filipe derrotou os exércitos de Atenas e Tebas, a Macedónia
dominou o mundo grego. Após a morte de Filipe, Aristóteles regressou a Atenas e
fundou o Liceu, a sua escola, uma das quatro grandes escolas de Atenas; O
Jardim, de Epicuro, a Colunata, dos Estoicos e a Academia, de Platão, que durou
até 529 d. C.; um ciclo de vida superior ao de qualquer universidade até aos
dias de hoje.
(cont.)
Sem comentários:
Enviar um comentário