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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Ai democracia!

  

   Das eleições americanas em curso colhe-se uma sensação de inapelável decadência em direção a um qualquer holocausto. Uma qualquer doença social leva os cidadãos a apoiar candidatos, manifestamente ineptos, ao cargo supremo do país! O mundo assiste estupefacto e amedrontado!

   A democracia, constituindo na sua essência, o melhor sistema de prevenção da guerra e de promoção do progresso económico e social, caracterizada pela tolerância, pela transparência, pela dispersão e independência dos vários poderes, pela liberdade de expressão, pelo confronto político e debate permanente e pelo sufrágio universal, em alguns casos, como nos EUA, parece ter-se transformado em algo diferente; uma espécie de caricatura em que os seus principais atores, os partidos políticos, adotam um comportamento tribal, derramando intolerância, ódio e demagogia sobre os cidadãos; em que estes optam pelo seguidismo "caudilhista", por preguiça, cansaço, ou ingenuidade, deixando cair o bem maior do regime democrático; o espírito crítico ativo.

   A figura grotesca de Trump propiciou aos adeptos adversários uma plêiade de insultos indecorosos denunciadores da falta de argumentação política e medo, resultante da consciência de fragilidades próprias. Por muito caricato que seja, um candidato que faz fortuna por si próprio e que tem o apoio de metade da população deve suscitar respeito; algo terá de que o povo carece e não reconhece nos outros.

   Isto apesar dos apoios de peso à causa democrata, o mais relevante dos quais o do próprio Presidente Obama! É desonesto! O Presidente deveria manter-se neutro deixando ao povo soberano a responsabilidade da escolha. Intervindo a favor de um candidato revela falta de confiança nos eleitores e  desconsideração pelas regras democráticas.

   Aconteça o que acontecer, Obama é o grande derrotado destas eleições; os apoiantes de Trump assim o confirmam. O estilo confiante de Obama, que a tudo prometia soluções, revelou-se efémero e vazio; o seu programa de saúde ameaça estiolar as contas públicas, o endividamento continua estratosférico, a economia tarda em "arrancar", o seu projeto geoestratégico para o médio oriente revela-se desastroso e o seu contributo na antecipação das metas do Protocolo de Quioto é deplorável.

   Com efeito, a guerra na Síria, tal como a da Líbia, desde o início que tem o dedo de Obama, apostado em afastar a ditadura de Bashar Al Assad, aliado histórico russo,  país este com o qual disputa a influência política na zona dada a sua relevância energética, arrastando a Europa numa aventura que a pode desintegrar. O que talvez seja do seu interesse. E do seu inimigo Putin. Obama, nada resolveu no médio Oriente; as anunciadas primaveras mais se revelaram tormentosos invernos.

   O prometido encerramento de Guantánamo continua adiado, o que não espanta num país que pratica a pena de morte e que, ao contrário de todos os outros, está dispensado de responder no Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra. A suposta humanidade de Obama não lhe permitiu aperceber-se das barbaridades que se praticam no país a que preside e pôr-lhes termo.

   Em matéria climática, está prestes a conseguir antecipar as metas definidas no Protocolo de Quioto, tornando-se cúmplice do que constitui uma espécie de 3º Acto Colonial, em que, a troco de cem mil milhões de dólares anuais, os países pobres prometem abdicar do seu desenvolvimento, aceitando as diretivas e a tecnologia dos países mais avançados. Precisamente os mais ativos no combate ao "holocausto" ambiental. E os mais interessados.

   Um dos grandes sucessos do seu consulado; as inovações tecnológicas, que multiplicaram as reservas energéticas do país: o gás de xisto, o gás natural e o petróleo, devem-se, exclusivamente, aos operadores privados, que inverteram a posição dos EUA no mercado energético mundial, razão da baixa dos preços destas "comodities". Quanto ao Governo Federal,  incrementou a aposta nas energia verdes, nomeadamente na eólica, ignorando os nefastos efeitos que provoca no mundo animal, no ambiente e no bolso dos contribuintes.

   Trump representa os americanos que se sentem ameaçados pelo galopante aumento de imigração não integrável e hostil, transformador da tradição cultural do país, cansados de intermináveis guerras e receosos da sua segurança.

   Hillary Clinton,  representa a imutabilidade do "sistema", a dissimulação, o nepotismo e o recorrente contorcionismo político.

   Por cá, só fugazmente, a comunicação social, se debruçou sobre o conteúdo dos dois projetos! Na maior parte dos casos, limitaram-se a relatar as excentricidades e as picardias de mau gosto.

   Tudo se decidirá hoje. Finalmente!

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