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domingo, 9 de outubro de 2016

Os perigos do ódio e da ignorância

  
   Turgot, Inspetor Geral das Finanças de Luis XV, um fisiocrata esclarecido que conheceu Voltaire e Adam Smith, que escreveu alguns textos para a "Enciclopédia" e  que publicou , em 1766, as "Reflexions sour la Formation et la Distribuition des Richesses, apesar de considerar, como Quesnay, que era a terra, a primeira e única fonte de toda a riqueza e que o país mais rico era aquele onde havia mais trabalho, interrogava-se, relativamente ao ofício da curtição de peles:

"Quem quer que tenha visto a oficina dum curtidor de peles sente a impossibilidade absoluta de um homem, ou mesmo de vários homens pobres se abastecerem de couros, de cal, de casca de carvalho, de ferramentas, etc., construírem os edifícios necessários para instalar uma oficina de curtumes e viverem vários meses até que os couros sejam vendidos.... Quem mandará construir os canais, os mercados, os edifícios de toda a espécie? Quem permitirá que viva até à venda dos couros o grande número de operários de que nenhum poderia sozinho preparar um único couro, e de que o lucro da venda de um único couro não poderia permitir a subsistência de um único operário?

   Quem suportará as despesas com a instrução dos alunos e dos aprendizes? Quem conseguirá obter com que subsistir até que sejam instruídos, fazendo-os passar por graus dum trabalho fácil e proporcionado à sua idade, até aos trabalhos que exigem mais força e habilidade? Será um desses possuidores de capitais ou valores mobiliários acumulados que os empregará, parte com os adiantamentos da construção e da compra de materiais, parte com os salários diários dos operários que trabalham na sua preparação. E ele que esperará até que a venda dos couros lhe renda não só todos os adiantamentos efetuados mas ainda um lucro suficiente para os indemnizar do que lhe teria valido o seu dinheiro, se o tivesse aplicado na compra de terras, e, além disso, do salário devido pelo seu trabalho, pelos seus cuidados, pelos seus riscos, mesmo pela sua habilidade, visto que, para um lucro igual, teria sem dúvida preferido viver sem nenhuma preocupação, do rendimento duma terra  que teria podido adquirir com o mesmo capital. À medida que este capital vai sendo recuperado pela venda dos produtos acabados, aplica-o em novas compras para alimentar e sustentar a sua fábrica através desta permanente circulação: vive à custa dos lucros e põe de parte o que pode poupar para aumentar o seu capital e aplica-lo na empresa aumentando a massa dos seus rendimentos, afim de aumentar ainda mais o seu lucro."

O confisco do capital acumulado compromete o progresso económico gerando exclusão e pobreza. A função do Estado deverá concentrar-se no incentivo ao reinvestimento produtivo sucessivo desses capitais e no restabelecimento dos equilíbrios sociais, apoiando e reintegrando os excluídos do processo económico.

A ignorância e o ódio podem destruir uma democracia.

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