Publicação em destaque

Olhando Para Dentro (notas)

Olhando Para Dentro 1930-1960 (Bruno Cardoso Reis) (Em História Política Contemporânea, Portugal 1808-2000, Maphre - nota...

Pesquisar neste blogue

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Do Capitalismo VIII

Para Voltaire, capitalismo é o sistema que obriga os ricos a fazerem trabalhar cada vez mais os pobres. Já o direito de propriedade, segundo Rousseau, decorria, exclusivamente, do direito do agricultor ao produto do seu trabalho, ano após ano; o direito à posse da terra que cultivava.

Fervilha o debate em torno da produção, o fisiocrata Quesney, oriundo de camponeses abastados, cirurgião e médico ordinário do rei, nobilitado em 1752, proprietário rural, analisa e identifica as causas do anacronismo da agricultura francesa, propondo novos métodos; do arrendamento em vez da parceria e do uso do cavalo em vez do boi para as lavras. Quantificou o impacto dos novos métodos num acréscimo de 2/3 da produção face à dos métodos tradicionais. Para Quesney, a única classe produtiva era a dos cultivadores, da qual saía toda a riqueza da nação, das restantes classes, os proprietários dependiam dos agricultores; todos os outros dependiam destes e constituíam a classe improdutiva. Um capitalismo mercantil colonial, uma embrionária indústria manufatureira e uma agricultura atrasada face à que se praticava na Holanda e em Inglaterra, caracterizava a economia francesa da época.

Largamente influenciado pela fisiocracia, Turgot, intendente e depois Inspetor Geral das Finanças, dá mais um impulso à análise de classes, ao atribuir ao capital manufatureiro papel fulcral do progresso agrícola. Escalona as classes destes setores e dos mercadores, do investidor ao operário e ao agricultor, estes, agora, simples assalariados detentores apenas da sua força de trabalho braçal. Preconiza a abundância de capitais e as baixas taxas de juro, opõe-se ao dirigismo e ao protecionismo. Defende a liberdade económica, considerando que cada homem conhece melhor o seu interesse que outro para quem esse interesse é indiferente e que o interesse particular coincide sempre com o interesse geral quando há liberdade de comércio. Pugna pela liberalização do comércio e das profissões, leva-a à prática enquanto governante acabando por sucumbir à forte resistência das corporações. Contudo, as suas ideias fazem o seu caminho acabando por estabelecerem-se tratados de comércio com a Inglaterra, em 1786, e com a Rússia, em 1787.

A burguesia acaba por ser a principal beneficiada com a revolução de 1789 ao ver realizadas as suas principais aspirações; como a abolição de privilégios, de monopólios e o desmantelamento da corporação dos juízes.

Os operários são admitidos nas assembleias primárias onde apresentam os seus cadernos de queixas, exigindo salários dignos, estabilidade e equiparação constitucional do trabalhador à propriedade dos ricos.


Assegurado o seu predomínio contra a nobreza, a burguesia, através da lei de Chapelier, de 1791, suprime as confrarias e ilegaliza a organização e concertação de mestres e operários na prossecução de supostos interesses comuns. 

Sem comentários:

Enviar um comentário