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quarta-feira, 27 de julho de 2016

O Olivia Ribau; um caso triste!

      
Cristo, São João da Cruz, Salvador Dali
 
   As imagens inéditas do navio depois de resgatado ao rio, que o Correio da Manhã referiu na sua edição de 25 de Julho último, confirmam a análise que eu mesmo fiz, no dia do infortúnio, 11 de Outubro de 2015 pelas 19º 10´, pela visualização da sucessão das fotos publicadas na ocasião. Apesar do mau tempo o navio fez-se à barra com a escotilha do porão de ré aberta, tal como as portas estanques de acesso à casa da máquina e ao compartimento dos alojamentos!, uma massa de água daquelas a grande velocidade inundou de imediato aqueles compartimentos, provocando o colapso do motor propulsor e alternadores, deixando o navio sem governo; sem possibilidade de compensar o adornamento a bombordo que se verificou,  com propulsão a vante e manobra de leme a estibordo. Está tudo, implícito, nas fotos. Um caso de negligência sucessiva grosseira que nos questiona acerca da eficácia de cerca de trinta anos de formação profissional no setor, dos processos de admissão ao exercício das atividades marítimas, da função das capitanias e das "trinta e cinco mil" - salvo seja -,  licenças e taxas exigíveis aos armadores e profissionais da pesca. Mais formação, mais consciencialização de proximidade regular, - simples, pragmática -, menos perseguição e punição é prioritário.
 
   Há uma incorreção na notícia do CM; a vaga não apanhou o navio atravessado, como refere. Este estava na posição ortogonal relativamente à vaga - de cerca de 5/6 m - no momento em que esta "partiu". No trajeto até ao ponto de entrada é que foi atravessado ao alinhamento da vaga ainda em formação off-shore e, aí sim, poderia ter-se avaliado o risco e guinado para fora novamente.
 
   Não foi só a tripulação que falhou; com ela falharam a autoridade portuária, os operacionais e responsáveis pelo salvamento e até os projetistas da configuração da barra. Até o sindicato dos operacionais de salvamento devia rever a sua forma de atuação, defendendo os seus filiados sem contribuir, ainda que indiretamente, para a ineficácia dos serviços de socorros a náufragos e o agravamento do risco de morte de marinheiros e pescadores. Na luta sindical, não vale tudo!
 
   Há processos em curso contra o Chefe da Estação Salva-Vidas da Figueira da Foz - multa de €810,00, do ISN por falta de prontidão, zelo, obediência e lealdade" (não atendeu o telemóvel para atender à trajédia) - e denúncia dos superiores hierárquicos ao Ministério Público por omissão de auxílio, cuja moldura penal é de de 1 ano. Também o capitão do porto à data foi constituído arguido num dos inquéritos crime aberto pelo DIAP de Coimbra.
 
   Foi recentemente aprovada legislação penalizadora dos autores de maus tratos aos animais que lhes confere o estatuto jurídico de "seres sensíveis"; algo entre os inertes e os seres humanos. Perante este caso, considerando toda a envolvência inerente posterior, fico com a sensação de que certas autoridades e algumas elites vêm o pescador como ser sensível vagamente semelhante ao ser humano que merece desprezo e talvez alguma indulgência. 

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