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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Caixinha na Caixa?

   
Dancers in Studio, Edgar Degas

    As esquerdas, que hoje, diretamente ou implicitamente, nos governam e que há bem pouco tempo, nos casos BES e Banif, por exemplo, mas também, mais remotamente, nos casos BPN e BPP, se fizeram passar por paladinos e justiceiros implacáveis em nome do contribuinte, opõem-se agora com grande veemência à nomeação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso CGD. Que não é altura adequada, dizem uns!, que deve limitar-se a uma investigação forense, dizem outros. Alegam que uma investigação, agora, prejudicaria o processo de reestruturação em curso da CGD que está a ser negociado entre o Governo e a Comissão Europeia e colocaria em risco uma entidade icónica e estruturante da sociedade portuguesa.


    Mais importante que a obtenção da anuência da CE para o financiamento público da CGD - da ordem dos 6,1 MME -, é a compreensão das razões das desconformidades detetadas. Tal permitirá o aprofundamento do processo de reestruturação orgânica e  de controlo externo sem os quais qualquer injecção de capital será ineficaz e possibilitará àqueles que os Deputados representam, conhecerem os causadores de tais desmandos e perceberem as suas origens profundas. Assim se faz democracia. 


   Não convém às esquerdas, defensoras da nacionalização da banca, que o cidadão perceba que o nepotismo e a corrupção tanto sucede na banca privada como na pública. Afinal, para eles, todo o mal está no setor privado. A sua ideologia comum, com nuances, defende a coletivização dos meios de produção, a planificação centralizada, o pensamento único e o irreconhecimento da propriedade privada. Todas as virtudes estão no setor público, sua base clientelar primordial. A incoerência, a hipocrisia manifesta, não parece preocupá-los e tal significa que têm o cidadão em pouca conta; consideram-no uma entidade inculta, egoísta, pronta a vender a consciência por um qualquer aumento de salário, pensão ou subsídio, ainda que marginal ou ilusório.
   

   Já se percebeu há muito que o sistema bancário nacional tem constituído uma plataforma financeira ao serviço da promiscuidade económico partidária, negligenciando a sua missão primordial de apoio às empresas segundo o mérito dos respetivos projetos. A CGD é uma espécie de saco azul à disposição dos governos, destituída de autonomia estratégica, cujos insucessos compromete, em grau diferenciado, todos os que tiveram a responsabilidade na sua gestão.

   Este é apenas mais um caso que mostra a inadequação cultural das elites nacionais para a democracia, ficando mais uma vez claro que tem de ser o Povo a impor-lhes essa ética. Afinal, talvez tenham acabado em Alcácer Quibir as verdadeiras elites nacionais, como consta.

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