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quarta-feira, 18 de maio de 2016

Timor; genocídio sem castigo

   "Timor, A Verdade Histórica" , de Paradela de Abreu, da editora Luso Dinastia, é um livro eminentemente documental, com relatos de intervenientes diretos na guerra civil timorense, transcrição de relatórios de entidades várias, atas de muitas cimeiras, que mostra a irresponsabilidade do Governo português em todo o processo, a indisciplina dos militares e polícias portugueses naquele território ao tomarem partido ativo por ambas as fações, o ativismo feroz do funcionalismo timorense, o papel sectário dos estudantes formatados em Lisboa, enfim, as pavorosas atrocidades que ali se cometeram. Uma vergonha que mancha a história de Portugal, mas também da ONU e da Indonésia.
João Carrascalão
 
Arsénio Ramos Horta
   Este livro está articulado de forma a justificar a intervenção indonésia no território com os assassinatos indiscriminados da população atribuídas à Fretilin, ao que consta, partido de inspiração comunista fundado em Lisboa, que chegou a declarar a independência anunciando a fundação da República Democrática de Timor Oriental. A UDT a APODETI e a KOTA,  que pretendiam, pelo menos inicialmente, uma transição mais longa e controlada para a autodeterminação sem influência comunista, opuseram-se, tentando controlar militarmente o território, acabando por ser neutralizados e perseguidos pelo maior poder militar da Fretilin, graças sobretudo ao apoio em armas e homens das forças lusas no território.
 
Francisco Xavier do Amaral
   Perante a indiferença de Portugal, os líderes da UDT e da APODETI, por óbvias razões de  sobrevivência, justificam o pedido de ajuda humanitária à Indonésia que, relutantemente e após várias diligências infrutíferas junto de Portugal e da ONU, acabou por "anuir" à invasão de Timor Leste por "voluntários", que ocuparam o território, de facto. Defende-se esta intervenção por razões étnicas, enaltecem-se os investimentos efetuados em infraestruturas, o abastecimento de produtos alimentares, o desenvolvimento da pesca e da agricultura, a manutenção da paz e a plena integração social na comunidade indonésia.
 
Paulino Gama
   Descrevem-se atrocidades passíveis de atuação da ONU e do TPI, digo eu, identificando vítimas e os seus assassinos, entre os quais...Xanana Gusmão e...Ramos Horta, entre outros. Referenciam-se representantes do Estado português; Almeida Santos, Jorge Campinos, Lemos Pires, Maggiolo Gouveia e baixas patentes do exército presentes naquele território.
 
   Transcrevem-se; cartas de Francisco Lopes de Cruz e João Carrascalão às autoridades Indonésias, carta aberta do jornalista Nuno Rocha a Marcelo Rebelo de Sousa, à época Presidente do PSD, relato horripilante de Paulino Gama, ex-guerrilheiro da Fretilin, membro do Esquadrão da Morte autor de vários assassinatos a sangue-frio após tortura, mensagem de Monsenhor Monteiro de Castro à família de Maggiolo Gouveia informando-a da morte deste, exposição de Galvão de Melo ao Parlamento Europeu em 1996 onde denuncia a infiltração comunista nas forças armadas e defende a integração de Timor Leste na Indonésia e uma crítica de Francisco Xavier do Amaral, Secretário fundador da Fretilin e primeiro Presidente da República Democrática de Timor Oriental ao trabalho do jornalista inglês John Pilger na sobre o massacre de Santa Cruz.
 
Francisco Lopes da Cruz 
   Paradela de Abreu foi jornalista e editor - publicou, entre outros, "Portugal e o Futuro" do General Spínola. Nacionalista e anticomunista militante, fundou e dinamizou um grupo de operacionais que desenvolveu vários atos de terrorismo contra alvos comunistas no Norte de Portugal e consta que tinha gizado uma "aliança" com a igreja para utilização das suas infraestruturas neste combate, onde parece ter intervindo o conhecido Cónego Melo.
 
   Há certamente parcialidade nesta espécie de libelo; nem tudo será verdade, nem tudo será mentira. No que me diz respeito, é frustrante que os culpados deste genocídio, tal como os que se verificaram na Guiné, em Angola e em Moçambique, não tenham sido acusados e condenados por uma entidade supranacional.
 
...vai mal!  

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